Videoclipe interativo como obra aberta: o caso de ROME “3 Dreams of Black”

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Abstract

O videoclipe interativo surgiu em 2011 como suporte do single "We Used To Wait" da banda Arcade Fire, e foi-nos apresentado como uma inovação em relação ao protótipo de videoclipe que se havia desenvolvido nos anos 80, aquando do surgimento do canal MTV, que se propunha aliar a música a um imaginário visual e muitas vezes narrativo, uma nova camada de significado. O novo formato de videoclipe afirmou-se como uma tentativa de aproximar o espectador da música que ouve, tal como promover e publicitar as competências das novas tecnologias: possibilidade de inclusão, na experiência audiovisual, de vídeos ou elementos visuais construídos pelo espectador; a construção de uma narrativa que permita ao público a seleção de um percurso; e a possibilidade de conferir a este a sensação de ser um produtor ativo, com controlo sobre o som e instrumentação de determinada proposta musical. Assim, esta inovação mediática pode ser tida como um contributo para o fortalecimento da noção de uma cultura contemporânea participativa, em oposição a uma ideia de recepção passiva, como argumenta Henry Jenkins (Jenkins, 2009). Pretende-se, com esta exposição, discutir as analogias e o enquadramento desta proposta na linha das experiências proporcionadas pelo que Umberto Eco designa de Obra Aberta (1962), ou mesmo por propostas artísticas e teóricas de inícios do século XX. No sentido de analisar a relação entre o formato de videoclipe interativo e estas bases teóricas, toma-se o exemplo de Rome "3 Dreams of Black", desenvolvido por Chris Milk para o álbum Rome, resultado da colaboração entre os artistas Danger Mouse e Daniele Luppi, cuja concepção inclui o espectador na criação artística, apelando à sua participação na construção do mundo que o próprio público percorre e experiencia. Assim, Rome assume-se como uma concretização prática da teoria da obra aberta de Eco, pois evidencia que a mesma proposta musical incorpora múltiplos percursos individuais, traçados pela interpretação auditiva de cada ouvinte, todos eles válidos e portadores de significado.
Original languagePortuguese
Publication statusPublished - 2016
EventLog in Live On: Log in Live on: Música e cibercultura na era da Internet of Things - FCSH/NOVA, Lisboa, Portugal
Duration: 7 Oct 20167 Oct 2016
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Country/TerritoryPortugal
CityLisboa
Period7/10/167/10/16
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