Abstract
Any approach on certain linguistic forms functioning as discourse markers necessarily faces the problem of its heterogeneity. In fact most of the linguistic forms to which we can associate a discourse value present a variable categorical belonging. This is the case, for example, of justamente (meaning “precisely”). However, its negative correlative cannot behave in the same way: injustamente (meaning “in an unfair way”) is only an adverb, a modifier of a sentence. This paper aims to give a descriptive and explicative reflection of this variability of values, through the study of attested occurrences both of justamente e injustamente in European Portuguese. Far from account the complexity of the phenomenon, this proposal aims to be a contribution to the definition of a boundary between adverbial use and discursive marker use. Using the theoretical and methodological framework of Theory of Predicative and Enunciative Operations, we recognize the determinant presence of a semantic and pragmatic conditioning. Our hypothesis is that the discursive value induces an orientation that relates to the topological organization of subjective validation space (cf. Culioli 2001).
Uma qualquer abordagem do emprego de certas formas enquanto marcadores discursivos defronta necessariamente o problema da sua heterogeneidade como um facto incontestável. Na sua maioria, as formas que permitem atestar um funcionamento como marcadores discursivos têm uma outra pertença categorial. É o caso de justamente, uma forma que pode apresentar o estatuto de marcador discursivo, já a sua correlativa negativa não podendo, porém, comportar-se da mesma maneira: injustamente não passa de advérbio. A presente comunicação propõe dar conta deste facto, a partir do estudo de ocorrências atestadas de justamente e de injustamente em português europeu. Longe de abarcar a complexidade do fenómeno em causa, a reflexão proposta pretende ser um contributo para a definição de uma fronteira entre o emprego adverbial e o emprego como marcador discursivo. Com recurso ao modelo teórico-metodológico da Teoria das Operações Predicativas e Enunciativas, observaremos o tipo de condicionamento semântico-pragmático em causa, colocando a hipótese de o emprego do marcador discursivo induzir uma orientação que se prende com a organização topológica do espaço de validação subjectiva (cf. Culioli 2001).
Uma qualquer abordagem do emprego de certas formas enquanto marcadores discursivos defronta necessariamente o problema da sua heterogeneidade como um facto incontestável. Na sua maioria, as formas que permitem atestar um funcionamento como marcadores discursivos têm uma outra pertença categorial. É o caso de justamente, uma forma que pode apresentar o estatuto de marcador discursivo, já a sua correlativa negativa não podendo, porém, comportar-se da mesma maneira: injustamente não passa de advérbio. A presente comunicação propõe dar conta deste facto, a partir do estudo de ocorrências atestadas de justamente e de injustamente em português europeu. Longe de abarcar a complexidade do fenómeno em causa, a reflexão proposta pretende ser um contributo para a definição de uma fronteira entre o emprego adverbial e o emprego como marcador discursivo. Com recurso ao modelo teórico-metodológico da Teoria das Operações Predicativas e Enunciativas, observaremos o tipo de condicionamento semântico-pragmático em causa, colocando a hipótese de o emprego do marcador discursivo induzir uma orientação que se prende com a organização topológica do espaço de validação subjectiva (cf. Culioli 2001).
Original language | Portuguese |
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Pages (from-to) | 1-12 |
Number of pages | 12 |
Journal | Linguasagem, nº temático: Enunciar |
Volume | 27 |
Issue number | 1 |
Publication status | Published - 2016 |
Keywords
- Marcador discursivo
- Advérbio
- Modalidade apreciativa
- (Inter)subjectividade
- Enunciação