Abstract
Pouco tempo após a infrutífera tentativa de realização de séries de concertos sinfónicos em Lisboa e a meses da vinda da Orquestra Filarmónica de Berlim à capital portuguesa, Manuel Ramos verberava, em duas breves crónicas publicadas em 1901, contra a apatia dos “professores de música” portugueses, o filistinismo de vários empresários ou ainda contra a contínua exibição de conteúdos musicais frívolos ou a pobre execução da produção dos grandes mestres prosseguida mormente por dilettanti da capital portuguesa, concluindo que a devida protecção e culto da superior música sinfónica não era senão “uma forma de apostolado que, em Portugal, só nos pod[ia] ser dada... por importação”. Se no decurso daquela década a contínua apatia dos organismos directivos da corporação mutualista e da associação de classe de “professores” de música tributava um maior grau de razão à crítica acérrima de Manuel Ramos, várias foram, não obstante, as auspiciosas iniciativas de amadores e profissionais de música para a retoma dos assinaláveis empreendimentos sinfónicos do dealbar do último quartel do anterior século e para o melhoramento do milieu musical lisbonense no início do novo século. No primeiro semestre de 1902, Júlio Neuparth avançava, em sessão do Conselho de Arte Musical, as bases para a fundação de uma Sociedade de Concertos do Conservatório Real de Lisboa, cuja orquestra se constituiria por 30 músicos profissionais subvencionados, os alunos mais adiantados daquela instituição de ensino artístico e pelos mais competentes amadores de música. A definição de um efectivo semi-profissional foi desde cedo tomada pela instituição alternativa de ensino musical fundada em Julho daquele mesmo ano , sob a direcção administrativa e musical de Anselmo de Sousa, Eduardo de Noronha, Júlio Cardona, Frederico de Guimarães e Guilherme Ribeiro, pois no concerto de Abril de 1903, destinado à execução de “música portuguesa”, a orquestra da Sociedade de Concertos e Escola de Música havia sido constituída por professores, discípulos e amadores portugueses. Ainda em 1906, a reunião de professores e amadores de música serviu o devido reforço da orquestra da Academia de Amadores de Música e, sobretudo, a constituição do efectivo da Grande Orquestra Portuguesa, sob a direcção de Michel’Angelo Lambertini.
A presente comunicação procura discutir os contextos de constituição e o funcionamento das instituições acima referidas activas na primeira década do século XX, tomando como enfoque o estudo da sua programação e a apreciação da sua actividade concertística pela crítica portuguesa.
A presente comunicação procura discutir os contextos de constituição e o funcionamento das instituições acima referidas activas na primeira década do século XX, tomando como enfoque o estudo da sua programação e a apreciação da sua actividade concertística pela crítica portuguesa.
Original language | Portuguese |
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Pages | 68-69 |
Number of pages | 2 |
Publication status | Published - 2018 |
Event | ENIM 2018: VIII Encontro Nacional de Investigação em Música - Instituto Politécnico do Porto, Porto, Portugal Duration: 8 Nov 2018 → 10 Mar 2019 http://www.spimusica.pt/wp-content/uploads/2018/04/Call-ENIM-2018-pt_ing.pdf |
Conference
Conference | ENIM 2018 |
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Country/Territory | Portugal |
City | Porto |
Period | 8/11/18 → 10/03/19 |
Internet address |
Keywords
- concertos a “grande orquestra”
- ”professor”
- dilettanti
- cultura sinfónica