TY - CHAP
T1 - Sobre os desfiles de moda, os sentidos e os valores das roupas
T2 - A partir de uma etnografia do fazer no atelier de Filipe Faísca
AU - Silvano, Filomena
N1 - info:eu-repo/grantAgreement/FCT/6817 - DCRRNI ID/UIDB%2F04038%2F2020/PT#
info:eu-repo/grantAgreement/FCT/6817 - DCRRNI ID/UIDP%2F04038%2F2020/PT#
UIDB/04038/2020
UIDP/04038/2020
PY - 2022
Y1 - 2022
N2 - O trabalho de um criador de moda é hoje organizado em função de um calendário anual marcado por dois eventos públicos, os desfiles de Primavera/Verão e de Outono/Inverno. Esses dois momentos anuais são estratégicos para a construção dos sentidos e dos valores (Weiner & Schneider, 1989) das roupas que serão produzidas durante cada estação. Tendo por base uma etnografia realizada no atelier de Filipe Faísca, o texto tentará compreender o lugar que as passagens de modelos ocupam, tanto no processo criativo como no processo produtivo das roupas do criador de moda.
A prática dos dois desfiles anuais foi-se instituindo ao longo do século XX, sendo que a lógica de organização dos eventos se alterou significativamente: a) a sua exposição pública foi extravasando o campo estrito da indústria da moda e dos clientes da alta costura, até atingir uma visibilidade planetária através de plataformas que difundem os desfiles quase numa lógica de direto; b) o tempo dos desfiles foi muito reduzido; c) é produzida uma banda sonora; d) a presença de dispositivos cénicos tornou-se frequente; d) a partir das década de 1990 o carácter conceptual das passagens – aproximando-as da noção de performance em arte – foi ganhando importância e elas tornaram-se frequentemente numa forma de construir e comunicar uma visão crítica do mundo.
A partir da minha experiência etnográfica, proponho-me conceber as passagens de modelos como performances em que acedemos (os etnógrafos e os espectadores) a propostas de experiência do mundo. A sua eficácia depende de interações complexas estabelecidas entre as roupas, as pessoas que as vestem (clothing/person (Miller, 2005)), os dispositivos cénicos mobilizados, o nome dado à coleção e os pequenos textos que os criadores distribuem aos espectadores (Barthes, 1967). As roupas são as materialidades que, uma vez terminada a performance, condensam as sensações e os sentidos por ela gerados.
AB - O trabalho de um criador de moda é hoje organizado em função de um calendário anual marcado por dois eventos públicos, os desfiles de Primavera/Verão e de Outono/Inverno. Esses dois momentos anuais são estratégicos para a construção dos sentidos e dos valores (Weiner & Schneider, 1989) das roupas que serão produzidas durante cada estação. Tendo por base uma etnografia realizada no atelier de Filipe Faísca, o texto tentará compreender o lugar que as passagens de modelos ocupam, tanto no processo criativo como no processo produtivo das roupas do criador de moda.
A prática dos dois desfiles anuais foi-se instituindo ao longo do século XX, sendo que a lógica de organização dos eventos se alterou significativamente: a) a sua exposição pública foi extravasando o campo estrito da indústria da moda e dos clientes da alta costura, até atingir uma visibilidade planetária através de plataformas que difundem os desfiles quase numa lógica de direto; b) o tempo dos desfiles foi muito reduzido; c) é produzida uma banda sonora; d) a presença de dispositivos cénicos tornou-se frequente; d) a partir das década de 1990 o carácter conceptual das passagens – aproximando-as da noção de performance em arte – foi ganhando importância e elas tornaram-se frequentemente numa forma de construir e comunicar uma visão crítica do mundo.
A partir da minha experiência etnográfica, proponho-me conceber as passagens de modelos como performances em que acedemos (os etnógrafos e os espectadores) a propostas de experiência do mundo. A sua eficácia depende de interações complexas estabelecidas entre as roupas, as pessoas que as vestem (clothing/person (Miller, 2005)), os dispositivos cénicos mobilizados, o nome dado à coleção e os pequenos textos que os criadores distribuem aos espectadores (Barthes, 1967). As roupas são as materialidades que, uma vez terminada a performance, condensam as sensações e os sentidos por ela gerados.
U2 - https://doi.org/10.4000/books.etnograficapress.8098.
DO - https://doi.org/10.4000/books.etnograficapress.8098.
M3 - Chapter
SP - 91
EP - 120
BT - Modos de Fazer, Modos de ser
A2 - Fradique, Teresa
A2 - Lacerda, Rodrigo
PB - Etográfica Press
ER -