Abstract
No variegado panorama de investigações sobre azulejaria a que dedicou a sua vida, Santos Simões entendeu reservar um lugar para o estudo da presença da heráldica nos azulejos. Ao proceder deste modo, abria um campo inovador, até então praticamente intocado por historiadores da arte e heraldistas. A escassez de estudos sobre azulejaria armoriada pode parecer espantosa à primeira vista, dada a relativa abundância da decoração heráldica em azulejos. Mas, como já foi por várias vezes assinalado, as relações entre Heráldica e História (ou História da Arte) têm sido marcadas por certo alheamento mútuo, cujas causas tentaremos averiguar de seguida.
O afastamento ainda vigente entre o conhecimento histórico e o conhecimento heráldico radica na peculiar construção deste último saber, desde finais da Idade Média e ao longo de toda a Idade Moderna, em íntima – para não dizer intrínseca – ligação com o conceito de nobreza e com os estudos genealógicos e nobiliárquicos. Confinando-se voluntariamente a uma linguagem e uma gramática específicas (razoavelmente impenetráveis para o leigo), o saber heráldico assumiu a forma de ciência da armaria ou do brasão, de teor claramente técnico, normativo e a-histórico. Tal saber manteve porém – é importante ressalvá-lo – relações fluidas, por vezes lassas, com a realidade heráldica: esta continuou a constituir-se como fenómeno social e cultural muito mais diversificado do que as obras teóricas queriam fazer crer.
O afastamento ainda vigente entre o conhecimento histórico e o conhecimento heráldico radica na peculiar construção deste último saber, desde finais da Idade Média e ao longo de toda a Idade Moderna, em íntima – para não dizer intrínseca – ligação com o conceito de nobreza e com os estudos genealógicos e nobiliárquicos. Confinando-se voluntariamente a uma linguagem e uma gramática específicas (razoavelmente impenetráveis para o leigo), o saber heráldico assumiu a forma de ciência da armaria ou do brasão, de teor claramente técnico, normativo e a-histórico. Tal saber manteve porém – é importante ressalvá-lo – relações fluidas, por vezes lassas, com a realidade heráldica: esta continuou a constituir-se como fenómeno social e cultural muito mais diversificado do que as obras teóricas queriam fazer crer.
Original language | English |
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Place of Publication | Lisboa |
Publisher | IHA/Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa/ Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian/ Fundação para a Ciência e a Tecnologia |
Media of output | Online |
Publication status | Published - 2015 |
Keywords
- Heráldica
- Azulejaria
- História da Arte