Ritual, Natura e Magia: Sentidos e Saberes nas terapias populares portuguesas

O estudo da área da saúde constitui um dos mais importantes para a compreensão dos comportamentos e mentalidades populares tradicionais. Afinal, esta interage e relaciona-se com o profano e o sagrado, o quotidiano e o singular, o individual e o coletivo, o social e o cultural, o natural e o sobrenatural, o conhecido e o ignoto.
O conhecimento mais íntimo, a emoção mais intensa, a crença mais arreigada.
Ocasião ideal para refletir sobre a vida, seus desígnios e sustentações.
Em tudo isto avulta um saber curativo, empírico e tradicional. Não um corpo macarrónico de ideias descabidas, próprio de indivíduos ignorantes, mas sim de portadores de uma outra dimensão do saber: acrónica, acientífica, empírica, holística e intuitiva.
Assente numa lógica vivencial feita de entendimentos cósmicos e telúricos. De analogias mágicas, frequentemente simpáticas. Da ação de potestades várias; que o cristianismo, hoje, envolve e configura.
É, afinal, o sentido lógico das ações terapêuticas tradicionais (versus lógicas científicas) que neste estudo se pretende (tanto quanto possível), perceber.
Lógicas geradoras, com certeza, de diversificadas variantes um pouco por todo o país. Algumas significativamente diferentes. Outras, parecendo quase antagónicas.