Abstract
Os debates acadêmicos sobre a secularização e o secularismo atingiram um impasse infecundo. Os teóricos ortodoxos ou neo-ortodoxos da secularização insistem na universalidade epistemológica e na aplicabilidade universal de conceitos mais ou menos uniformes de secularização. Por contraste, as críticas pós-coloniais procuraram provincianizar a noção de secular, enfatizando sua origem ocidental e sua coimplicação com o Estado-nação, a violência e o colonialismo. Neste artigo, ocupamo-nos criticamente dessas abordagens e sugerimos, como perspectiva alternativa, o conceito de “secularidades múltiplas”. Se, por um lado, as abordagens universalista e pós-colonial tendem a dar forma e essência ao secular, nós pretendemos, por outro lado, historicizar e culturalizar a secularidade. Fazemo-lo argumentando que a secularidade se sustenta cultural e simbolicamente em formas de distinção entre as esferas e as práticas sociais religiosas e não religiosas e que as institucionalizações dessas distinções serviram como modo de lidar com diferentes problemas. Não obstante reconheça as historicidades particulares da secularidade, nossa
conceptualização liberta-a, de forma significativa, de suas associações singulares ao Ocidente e à modernidade.
conceptualização liberta-a, de forma significativa, de suas associações singulares ao Ocidente e à modernidade.
Original language | Portuguese |
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Pages (from-to) | 143-173 |
Number of pages | 30 |
Journal | Política & Sociedade |
Volume | 16 |
Issue number | 36 |
Publication status | Published - 2017 |
Keywords
- Religião
- Secularidade
- Secularização
- Secularismo
- Modernidades múltiplas