Abstract
A ideia central desta reflexão é tomar as representações dos atores sociais do espetáculo músico-teatral como formas de agência das publicações periódicas ilustradas.
Graças aos estudos de Vieira de Carvalho (1999), Gonçalves (2003; 2012), Artiaga (2007; 2013), Silva (2011), Gomes (2012), Cymbron (2014) e Gaspar (2015; 2016), compreendemos o funcionamento das instituições músico-teatrais portuguesas, da segunda metade do século XIX ao dealbar do século XX, do ponto de vista da hegemonização do capitalismo liberal ao longo desse período. Prevaleceria portanto um modelo de comercialização de bens culturais, estimulando a circulação de pessoas e formas múltiplas de representação do espetáculo, ligando redes nacionais às de cidades como o Rio de Janeiro ou Paris.
No caso das representações veiculadas pelas publicações periódicas, nomeadamente as ilustradas, o espetáculo surgia associado a ideias como “luxo” e “moda”, tão relevantes para a esfera pública burguesa coeva. A legitimação de posições de intérpretes, autores ou empresários, terá sido fomentada através da hiperestetização de corpos e objetos, personificados na figura da “celebridade”, a par da subalternização dos demais trabalhadores do espetáculo.
Para o comprovar, adoptarei como terreno os números da revista Ilustração Portuguesa publicados desde a sua fundação em 1903 até 1908. Os meus principais objetivos serão: identificar os sujeitos do espetáculo contemplados nos artigos ilustrados considerados; analisar os mecanismos discursivos empregues na construção do posicionamento de cada um; discutir a relação dessas representações com a hegemonização de uma visão do espetáculo músico-teatral como “mercado”.
Em suma, esta comunicação visa questionar formas de reificação do espetáculo músico-teatral, procurando repensar as fontes para o seu estudo como mediadoras das interações entre os seus agentes e entre estes e os seus leitores/espetadores.
O meu quadro conceptual incluirá as noções de “capitalismo estético” (Lipovetsky e Serroy, 2013), “distinção” (Bourdieu, 1979), “discurso” (Foucault, 1969), “teoria ator-rede” (Latour, 2005) e “identidade” (Goffman, 1963). Para dos já citados, serão considerados os estudos de Derek B. Scott (2008) sobre “entretenimento”, “mercado” e “star system”, e de Neyde Veneziano (2011) sobre o “sistema vedete” nas redes oitocentistas lusófonas do espetáculo músico-teatral.
Graças aos estudos de Vieira de Carvalho (1999), Gonçalves (2003; 2012), Artiaga (2007; 2013), Silva (2011), Gomes (2012), Cymbron (2014) e Gaspar (2015; 2016), compreendemos o funcionamento das instituições músico-teatrais portuguesas, da segunda metade do século XIX ao dealbar do século XX, do ponto de vista da hegemonização do capitalismo liberal ao longo desse período. Prevaleceria portanto um modelo de comercialização de bens culturais, estimulando a circulação de pessoas e formas múltiplas de representação do espetáculo, ligando redes nacionais às de cidades como o Rio de Janeiro ou Paris.
No caso das representações veiculadas pelas publicações periódicas, nomeadamente as ilustradas, o espetáculo surgia associado a ideias como “luxo” e “moda”, tão relevantes para a esfera pública burguesa coeva. A legitimação de posições de intérpretes, autores ou empresários, terá sido fomentada através da hiperestetização de corpos e objetos, personificados na figura da “celebridade”, a par da subalternização dos demais trabalhadores do espetáculo.
Para o comprovar, adoptarei como terreno os números da revista Ilustração Portuguesa publicados desde a sua fundação em 1903 até 1908. Os meus principais objetivos serão: identificar os sujeitos do espetáculo contemplados nos artigos ilustrados considerados; analisar os mecanismos discursivos empregues na construção do posicionamento de cada um; discutir a relação dessas representações com a hegemonização de uma visão do espetáculo músico-teatral como “mercado”.
Em suma, esta comunicação visa questionar formas de reificação do espetáculo músico-teatral, procurando repensar as fontes para o seu estudo como mediadoras das interações entre os seus agentes e entre estes e os seus leitores/espetadores.
O meu quadro conceptual incluirá as noções de “capitalismo estético” (Lipovetsky e Serroy, 2013), “distinção” (Bourdieu, 1979), “discurso” (Foucault, 1969), “teoria ator-rede” (Latour, 2005) e “identidade” (Goffman, 1963). Para dos já citados, serão considerados os estudos de Derek B. Scott (2008) sobre “entretenimento”, “mercado” e “star system”, e de Neyde Veneziano (2011) sobre o “sistema vedete” nas redes oitocentistas lusófonas do espetáculo músico-teatral.
Original language | Portuguese |
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Pages | 21 |
Number of pages | 1 |
Publication status | Published - 2017 |
Event | VII Encontro Nacional de Investigação em Música ENIM 2017 - Universidade do Minho, SPIM, Braga, Portugal Duration: 9 Nov 2017 → 11 Nov 2017 |
Conference
Conference | VII Encontro Nacional de Investigação em Música ENIM 2017 |
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Abbreviated title | ENIM 2017 |
Country/Territory | Portugal |
City | Braga |
Period | 9/11/17 → 11/11/17 |
Keywords
- Espetáculo músico-teatral
- Portugal
- Agência
- Capitalismo Estético
- Imprensa Ilustrada