Realidades e expectativas dos alunos da licenciatura de medicina da Guiné Bissau no ano lectivo 2007

A maior parte dos profissionais de nível superior da Guiné-Bissau continuam a ser formados no exterior. O não-retorno destes profissionais foi um poderoso incentivo para apostar na formação de médicos no país. O presente estudo, observacional, transversal, analítico, realizado no segundo trimestre de 2007, teve como objectivos caracterizar os alunos da Escola Superior de Medicina relativamente às suas características sócio-demográficas, familiares e escolares, descrever os níveis de satisfação relativamente ao curso de medicina, identificar as dificuldades sentidas e descrever as suas expectativas relativamente à sua formação. Foi utilizado um questionário como instrumento de colheita de dados. Responderam ao questionário 81 alunos (taxa de resposta de 63%). Os dados foram analisados utilizando o programa SPSS v.17 e recorrendo a estatísticas descritivas. Os alunos estão comprometidos com o curso de medicina. Tomam a decisão de fazer o curso cedo e são influenciados por familiares. Fazem-no porque gostam da profissão, porque querem ser altruístas e salvar vidas. De uma maneira geral têm aproveitamento no curso apesar das dificuldades com o material e económicas. Vivem com os pais, não têm dependentes mas alguns têm um trabalho fora da área da saúde para garantir rendimento extra dado a inexistência de apoios financeiros à frequência do curso. Consideram que poderão vir a ser bons médicos em qualquer país do mundo e pretendem vir a trabalhar no público (para servir o país e retribuir o investimento do Estado) e no privado (para suplementarem os seus rendimentos). Querem trabalhar no hospital, em Bissau e a obstetrícia e a pediatria são as especialidades mais pretendidas. Têm expectativas muito elevadas relativamente aos rendimentos futuros

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In Guinea Bissau, the majority of university level professionals are still being trained abroad and most of them do not return to their country. This was a major incentive for creating Guinea Bissau's Medical School. An observational, cross-sectional, analytic study was conducted on the second trimester of 2007 to characterize the socio-demographic, familial and educational profile of medical students, their satisfaction levels, difficulties and expectations concerning the medicine course. A questionnaire was used and a response rate of 63% achieved (81 students). Data was analyzed using SPSS v.17 for descriptive statistics. Students are very committed to their education. They tend to decide to take the medicine course early in their lives and are influenced by their relatives. They choose to be medical doctors because they like it but also for altruistic reasons and the desire to save lives. Although many face financial and material difficulties, they tend to have success in their academic live. They live with their parents, do not have children and some have side jobs to provide for extra income to help with their education. They expect their education to make them good doctors in any part of the world and want to work simultaneously in the public (to serve their country and pay their debt to the State) and in the private sector (to enhance their income). The large majority wants to work in a hospital, in Bissau, and to be a pediatrician or obstetrician. They have unreasonably high expectations concerning their future income as medical doctors.