Quis audivit unquam tale / Quis vidit huic simile: arquitetura sonora do órgão ibérico no século XVIII

Translated title of the contribution: Quis audivit unquam tale / Quis vidit huic simile: sound architecture of the 18th century Iberian organ

Research output: Contribution to journalArticle

Abstract

A utilização litúrgica de órgãos duplos implantados simetricamente relaciona-se, diretamente, com a prática de concertar os salmi spezzati e os concerti e sacrae symphoniae, em voga na segunda metade do séc. XVI e começo do XVII na Basilica di San Marco de Veneza, primeiro templo italiano dotado de dois órgãos fixos revestidos de caixas de mesma envergadura, estruturação arquitetónica e implantação. No que concerne à Península Ibérica, a primeira realização de uma simetria visual e sonora efetiva ao nível dos órgãos duplos dá-se no Real Monasterio de San Lorenzo de El Escorial, em cuja basílica seis órgãos de 16, 8 e 4 pés, respetivamente, espelhados cada dois, foram construídos entre 1578 e 1586. Salvo algumas realizações pontuais e por certo estanques, não seria antes do séc. XVIII que o conceito de simetria visual e sonora a efeito dos órgãos duplos encontraria uma sistematização efetiva em Espanha, adscrito à célebre escola Echevarría de organaria e impulsado pela construção dos paradigmáticos órgãos erigidos entre 1704 e 1712 na Catedral de Santiago de Compostela. Não tardaria muito para que o conceito alcançasse a margem portuguesa do rio Minho, onde, após alguns ensaios, concretizar-se-ia de forma grandiloquente na Catedral de Braga, em cujo seio dois instrumentos de exceção instaurariam de forma decisiva o paradigma da simetria visual e sonora no que tange aos órgãos portugueses. Quer em Portugal, quer em Espanha – ou inclusivamente no ultramar hispânico –, o conceito de órgãos duplos – em sua imensa maioria maior e menor no aspeto instrumental – e espelhados visualmente à perfeição gozaria de um imenso favor, culminando no excecional conjunto de seis instrumentos da Basílica do Palácio Real de Mafra (1792-1807), emulação monumental e coroação de um ciclo cujo germe floresceu na basílica escurialense mais de dois séculos antes. A presente conferência versará sobre a arquitetura sonora do órgão ibérico, com especial ênfase nos aspetos artísticos, simbólicos, organológicos e musicais inerentes à simetria visual e sonora do órgão peninsular setecentista.
Translated title of the contributionQuis audivit unquam tale / Quis vidit huic simile: sound architecture of the 18th century Iberian organ
Original languagePortuguese
Pages (from-to)107-125
Number of pages18
JournalBoletim Cultural
Issue number2.a série
Publication statusPublished - Sept 2019

Keywords

  • Arquitetura sonora do órgão ibérico
  • Simetria Visual e sonora
  • Catedral de Santiago de Compostela
  • Catedral de Braga
  • Basílica de Mafra

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