Qui dixerit – a las armas: indícios de atividade militar no quotidiano urbano na Reconquista.

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Abstract

Foi com as palavras que dão título a este trabalho que o concelho de Mourão, nas Cortes de 1439, ilustrou o peso que a guerra tinha no seu quotidiano. Em tempos de paz, os homens dos concelhos estavam sujeitos a um variado leque de obrigações, que iam desde a manutenção de armas e cavalo até à participação nos alardos, convocados pelos coudéis. Assim, os moradores dos termos viam-se obrigados a efetuar grandes deslocações, com claro prejuízo pessoal e financeiro. Quando a guerra se aproximava, a situação agravava-se: habitações destruídas, colheitas queimadas e a possibilidade de enfrentar o cativeiro não seriam o pior dos cenários que, em último caso, poderia passar pela perda da própria vida. Com recurso a fontes narrativas e a fontes documentais provenientes de arquivos (locais, regionais e nacionais), pretende-se demonstrar o peso que o serviço militar tinha na sociedade da época, particularmente em tempo de conflito, num território com graves problemas de povoamento que os monarcas tentaram resolver de duas maneiras distintas: se, por um lado, isentavam as populações de serviço militar; por outro, atribuíam privilégios (fiscais e sociais) a quem se predispunha a cumprir as suas obrigações, numa tentativa de equilibrar os dois pratos da balança e salvaguardar a defesa do reino.

It was with these words that the municipality of Mourão, in the Cortes of 1439, illustrated the weight that war had on its daily life. In times of peace, the men of the municipalities were subject to a wide range of obligations, which varied from the maintenance of arms and horses to the participation in the general reviews (alardos), summoned by the officials (coudéis). Thus, the inhabitants of the hinterland were forced to make long journeys, with clear personal and financial losses. When war approached, the situation worsened: destroyed houses, burnt crops and the possibility of facing captivity were not the worst of scenarios which, in the last resort, could involve the loss of one's own life. Using narrative and archival sources from local, regional and national archives, we intend to demonstrate the weight that military service had in the society of the time, particularly in times of conflict, in a territory with serious settlement problems that the monarchs tried to solve in two different ways: on one hand,
they exempted the populations from military service; on the other hand, they attributed privileges (fiscal and social) to those who were willing to fulfil their obligations, in an attempt to balance the two scales and safeguard the defense of the kingdom.
Original languagePortuguese
Title of host publicationA vida quotidiana da cidade na Europa medieval
EditorsAmélia Aguiar Andrade, Gonçalo Melo da Silva
Place of PublicationLisboa
PublisherIEM - Instituto de Estudos Medievais / Câmara Municipal de Castelo de Vide
Pages441-454
Number of pages13
ISBN (Print)978-989-53585-7-1
Publication statusPublished - Oct 2022
EventVI Jornadas Internacionais de Idade Média “A Vida Quotidiana da Cidade na Europa Medieval” - Castelo de Vide, Castelo de Vide, Portugal
Duration: 7 Oct 20219 Oct 2021

Publication series

NameEstudos 26

Conference

ConferenceVI Jornadas Internacionais de Idade Média “A Vida Quotidiana da Cidade na Europa Medieval”
Country/TerritoryPortugal
CityCastelo de Vide
Period7/10/219/10/21

Keywords

  • Alentejo
  • Late Middle Ages
  • Medieval Warfare
  • Military Service
  • Fortifications

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