Abstract
Entre as línguas pluricêntricas europeias, o alcance do Português ocupa um lugar destacado (cf. Baxter 1992, Silva et al. 2011), sobretudo por ser (i) o idioma nacional de dois países: Portugal e Brasil, (ii) a língua falada na qualidade de variedade(s) galega(s) na Galiza, em Espanha e (iii) a língua oficial numa série de países independentes, ex-colónias portuguesas
em África (Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe) e na Ásia (Timor-Leste). O pluricentrismo, neste caso, significa que estamos perante duas variedades nacionais da Língua Portuguesa – a norma portuguesa e a norma brasileira (e isto independentemente da variação dialectal existente em cada um destes países) –, bem como perante as variedades locais faladas em cada um dos outros países (como, por exemplo, as variedades africanas – angolana e moçambicana –, cf. Raposo et al. 2013), algumas ainda não suficientemente bem estudadas nem conhecidas apesar de muito esforço já desenvolvido neste sentido por linguistas dedicados à investigação na área (cf. site Cátedra de Português). No presente estudo e na sequência das temáticas acima apresentadas, surge uma temática nova, com a qual pretendemos reflectir sobre a questão: (i) Que gramática(s) temos e de que gramática(s) precisamos para estudar o Português língua pluricêntrica? (ii) Trata-se de uma questão até agora não estudada pelos linguistas e ausente das temáticas da área. A motivação para esta proposta vem da recente abordagem conjunta e englobante das mais recentes gramáticas do Português apresentada em Neves & Caseb-Galvão (2014) e da leitura subliminar que esta obra nos oferece. Por conseguinte, ao tentarmos encontrar resposta à questão: “Que gramática para o Português língua pluricêntrica?”, partimos das seguintes perguntas:
• Se as gramáticas do Português publicadas nos últimos anos aquém e além Atlântico, elaboradas com abordagens linguísticas modernas e diversificadas, são tão numerosas como demonstra o estudo Neves & Caseb-Galvão (2014), será que esta riqueza reflecte a realidade da Língua Portuguesa no mundo e nos permite encarar a problemática da sua pluricentricidade de um modo informado e representativo?
• Ou será que – pelo contrário –, em vez de várias gramáticas parciais de variedades nacionais de que dispomos neste momento, precisamos de uma gramática global do Português pluricêntrico que nos permita olhar para a totalidade da temática da variação interna da Língua Portuguesa de um modo equitativamente distribuído entre as variedades nacionais e as outras, (ainda) não reconhecidas como total, mas igualmente presentes
na nossa realidade pluricêntrica?
Original language | Portuguese |
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Title of host publication | O Português como língua num mundo global |
Subtitle of host publication | Problemas e potencialidades |
Editors | José Teixeira |
Place of Publication | V. N. Famalicão |
Publisher | Centro de Estudos Lusíadas da Universidade do Minho | Húmus |
Pages | 85-102 |
Number of pages | 17 |
ISBN (Print) | 978-989-755-209-0 |
Publication status | Published - 2016 |
Keywords
- Línguas pluricêntricas
- Português Europeu
- Português do Brasil
- Variação linguística
- Gramáticas portuguesas
- Gramáticas brasileiras
- Gramáticas da língua portuguesa
- Variedades dominantes e não-dominantes do português