Abstract
Sincrética por natureza e vocação, obcecada pela questão da Forma, a cultura medieval mostrou-se fascinada pelas zonas de contiguidade e de intersecção morfológicas e simbólicas entre o homem e o animal donde emerge o maravilhoso enquanto suspensão do sentido e perturbação hermenêutica. Neste contexto, das Otia imperialia de Gervásio de Tilbury ao Conte du Papegau, passando pela aventura subaquática de Alexandre Magno, o mar - enquanto fronteira fluida e porosa por excelência - emerge frequentemente na literatura (tanto didático-moral como enciclopédica e ficcional) como um lugar (ou não-lugar) particularmente propenso aos fenómenos de hibridação, Resta saber até que ponto a questionação sobre o mundo que perpassa desta contante reconfiguração dos limiares entre o humano e o animal não envolve igualmente uma reflexão sobre o devir da própria ficção poética enquanto permanente, desinquieto e inquietante laboratório de formas.
Translated title of the contribution | When the monks were fish and the knights were dolphins: From becoming animal to the becoming of literature |
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Original language | Portuguese |
Title of host publication | Limiares Homem Animal na Literatura e na Cultura da Idade Média |
Editors | Cristina Álvares, Sérgio Guimarães de Sousa |
Place of Publication | Lausanne, Berlin, Bruxelles, Chennai, New York, Oxford |
Publisher | Peter Lang |
Pages | 75-102 |
Number of pages | 28 |
ISBN (Print) | 978-3-631-89464-4 |
Publication status | Published - 2023 |
Keywords
- Medieval French literature
- Zoopoetics
- Theory of genres
- Hibridation
- Animal in literature
- Metamorphosis