Práticas musicais transfronteiriças na raia do Baixo Alentejo

Os estudos musicais transfronteiriços mostram-nos de que forma a fronteira significante se reinventa musicalmente como fronteira resignificada, enquanto membrana atravessada osmoticamente por fenómenos musicais de ambos os lados. Diversos autores realçam a fusão de tradições musicais como uma poderosa fonte de criatividade, com as quais as pessoas negoceiam e constroem identidades em função de necessidades do presente e expectativas futuras. As práticas musicais fazem parte da cultura das comunidades e devem ser observadas como criadoras de uma série infinita de deslocamentos no tempo e no espaço, que entrelaçam modelos internos acessíveis aos sentidos e interpretações, e modelos externos que tanto geram perdas como inovações. Esta comunicação questiona as práticas musicais transfronteiriças na articulação entre memória coletiva e processos de patrimonialização, atendendo à participação de diversos intérpretes em contextos de representação que constroem um passado comum, ritual e convivencial.