Abstract
De que falamos quando falamos de políticas da interpretação no teatro de ópera? Entre outras coisas, do próprio alcance do conceito de interpretação, e portanto, de um conjunto de questões de que a filosofia se tem ocupado no âmbito da teoria hermenêutica: o lugar ontológico do sentido, a tensão entre reprodução e emergência do significado, a pretensa autoridade do autor, as miragens da fidelidade ao texto, a margem de arbitrariedade permitida ao intérprete, a atitude do “recetor” (designação, aliás, sumamente equívoca, assente num dualismo questionável). Podemos hoje subscrever o anátema lançado sobre (quase toda) a interpretação por Susan Sontag num texto célebre? Ou estamos inevitavelmente condenados, enquanto agentes culturais, à interpretação, senão mesmo aos excessos da sobre-interpretação? Os debates neste domínio estendem-se, na teoria como na prática, aos palcos do teatro de ópera, sobretudo no quadro das transformações dos critérios interpretativos musicais e da renovação das linguagens teatrais nas últimas décadas – naquilo em que alguns veem, euforicamente, uma reinvenção da ópera como espetáculo total, e outros, uma demonstração do niilismo pós-moderno. Quais as potencialidades e os limites de algumas das tendências atualmente em confronto, e quais as suas implicações no presente contexto politico-cultural, é o tema sobre o qual propomos uma reflexão.
Original language | Portuguese |
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Publication status | Published - 2014 |
Event | Estética e Política entre as Artes - Culturgest, Lisboa, Portugal Duration: 11 Jun 2014 → … |
Conference
Conference | Estética e Política entre as Artes |
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Country/Territory | Portugal |
City | Lisboa |
Period | 11/06/14 → … |
Keywords
- Ópera
- Estética
- Política