Peregrinações de Portugal à Terra Santa: a Receção da Antiguidade Oriental e Bíblica (Sécs. XVI e XVII)

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Abstract

Hoje em dia, os cristãos acreditam que a Palestina, e Jerusalém em particular, foi palco de diversos acontecimentos sagrados que estão relatados nos textos bíblicos, tanto do Antigo como do Novo Testamento. Esta região afirma-se, então, como um dos lugares centrais do Cristianismo, que recebe, atualmente, milhares de visitantes e peregrinos que chegam dos “quatro cantos do mundo”.
Mas como eram as peregrinações há cinco séculos atrás? Qual a preparação prática e espiritual necessária para uma viagem deste tipo? E que propósitos haveria para a realização destas viagens? As respostas a estas perguntas podem ser encontradas através da análise dos diários/relatos de viagem de homens que empreenderam estas jornadas durante a época moderna e deixaram registo escrito. Mas mais que responder a estas questões, estes textos podem levantar outras discussões muito significativas. De que forma os homens dos séculos XVI e XVII entendiam a história do Próximo Oriente, nomeadamente a dos locais sagrados, e quais as perceções que tinham da Antiguidade oriental e bíblica? É precisamente este tema que pretende ser analisado e discutido nesta apresentação.
Partindo dos textos deixados por viajantes portugueses que passaram pela Terra Santa e empreenderam as suas viagens entre os séculos XVI e XVII, procuram analisar- se referências a personagens ou episódios bíblicos, tanto do Antigo, como do Novo Testamento. Eventualmente serão analisadas referências à Antiguidade da região mesopotâmica, que tenham como pano de fundo o horizonte bíblico. Usar-se-ão textos de autores notórios, como Frei Pantaleão de Aveiro, mas também de autores menos conhecidos como Jerónimo Calvo, numa tentativa de alargar o espectro de análise. As Sagradas Escrituras têm um papel fulcral nesta equação: conhecidas de grande parte da população portuguesa por via oral, muitos destes viajantes haviam estudado ou lido a Bíblia (ou pelo menos parte dela) e tinham um conhecimento profundo relativamente a estes textos – o que, aliás, é visível na passagem pelos locais sagrados e descritos na Bíblia.
Não poderei deixar de abordar questões como os equívocos ou efabulações que os autores greco-romanos tecerem nos seus escritos e, ainda nesta altura, continuavam a induzir os autores dos séculos XVI e XVII em erro - uma vez que alguns destes autores antigos eram seguidos como “mestres”, o caso de Heródoto. Abordarei igualmente as eventuais conceções geográficas erróneas – o exemplo mais flagrante, nesta altura, é a confusão feita entre Bagdad e a Babilónia, por certos autores, tidas como a mesma cidade. Darei também grande importância ao facto de, muitas vezes, estes homens pensarem as personagens bíblicas/históricas como um modelo a seguir em questões de comportamento pessoal.
O estudo destas temáticas encontra-se ainda no seu estágio inicial, e este tema da Receção/Perceções da Antiguidade, sendo tão lato e ainda pouco explorado pela historiografia, poderá fornecer elementos para investigações de grande interesse e que permitam conhecer melhor a mentalidade do homem moderno.
Original languagePortuguese
Pages108-109
Number of pages2
Publication statusPublished - 7 Jun 2019
EventVI Encontro de Jovens Investigadores em História Moderna - Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, Portugal
Duration: 5 Jun 20197 Jun 2019
https://viejihm2019.wordpress.com/

Conference

ConferenceVI Encontro de Jovens Investigadores em História Moderna
Country/TerritoryPortugal
CityLisboa
Period5/06/197/06/19
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