Abstract
A revista Século Ilustrado, acompanhou gradual e imageticamente a propaganda do regime de Salazar. Dirigida desde o seu início e até 1942, pelo cineasta e cenógrafo Leitão de Barros (1896-1967), vai contudo, a partir do pós-guerra e mais concretamente dos anos 50, sofrer alterações gráficas e de conteúdos que apontam para uma progressiva desvinculação da publicação relativamente ao regime. Um conjunto de novas abordagens temáticas emerge; os assuntos diversificam-se e parece haver uma maior abertura ao mundo. Assuntos como o
racismo, a pobreza, a situação da criança e o trabalho infantil ou a posição social da mulher, que é mostrada menos frequentemente como “objecto de desejo”, ganham espaço. A revista torna-se mais mundana e cosmopolita. Portugal é
apresentado já não com o olhar mitificado dos valores da ideologia estado-novista, assente na imagem de um povo brando e em tradições sem conflito. Com o início dos anos 60, a fotografia de propaganda do regime torna-se pontual e aparecem paralelamente as fotoreportagens, entre outros, de Eduardo Gageiro e de Michel Giacometti que convocam um olhar mais directo e sem filtros sobre as condições de vida de comunidades minoritárias, mas também sobre outras realidades numa cultura de maior abertura. As reportagens de Maria Antónia Palla, entre outras, anunciam, sem dúvida, esses novos tempos. Tomando como objecto de trabalho o Século Ilustrado, o processo de investigação desenvolvido assentou no levantamento e análise semiótica de um conjunto de imagens publicadas, entre 1945 e 1974. O objectivo é identificar o momento em que ocorre uma certa separação de águas entre a publicação e o Estado Novo, mas principalmente em sinalizar o ponto de inflexão, no sentido de
testar a hipótese de algumas fotoreportagens publicadas concorrerem para um contradiscurso de oposição, ainda que velada ao regime do Estado Novo.
racismo, a pobreza, a situação da criança e o trabalho infantil ou a posição social da mulher, que é mostrada menos frequentemente como “objecto de desejo”, ganham espaço. A revista torna-se mais mundana e cosmopolita. Portugal é
apresentado já não com o olhar mitificado dos valores da ideologia estado-novista, assente na imagem de um povo brando e em tradições sem conflito. Com o início dos anos 60, a fotografia de propaganda do regime torna-se pontual e aparecem paralelamente as fotoreportagens, entre outros, de Eduardo Gageiro e de Michel Giacometti que convocam um olhar mais directo e sem filtros sobre as condições de vida de comunidades minoritárias, mas também sobre outras realidades numa cultura de maior abertura. As reportagens de Maria Antónia Palla, entre outras, anunciam, sem dúvida, esses novos tempos. Tomando como objecto de trabalho o Século Ilustrado, o processo de investigação desenvolvido assentou no levantamento e análise semiótica de um conjunto de imagens publicadas, entre 1945 e 1974. O objectivo é identificar o momento em que ocorre uma certa separação de águas entre a publicação e o Estado Novo, mas principalmente em sinalizar o ponto de inflexão, no sentido de
testar a hipótese de algumas fotoreportagens publicadas concorrerem para um contradiscurso de oposição, ainda que velada ao regime do Estado Novo.
Original language | Portuguese |
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Pages | 27 |
Number of pages | 1 |
Publication status | Published - 3 Oct 2019 |
Event | Conferência Internacional História do Jornalismo em Portugal - Colégio Almada Negreiros - Campus Campolide, NOVA FCSH, Lisboa, Portugal Duration: 3 Oct 2019 → 4 Oct 2019 http://historiadojornalismo.fcsh.unl.pt/ |
Conference
Conference | Conferência Internacional História do Jornalismo em Portugal |
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Country/Territory | Portugal |
City | Lisboa |
Period | 3/10/19 → 4/10/19 |
Internet address |
Keywords
- Periodical studies
- Século Ilustrado
- Counter discourses
- Printed photography