Palamedes, o bõõ cavaleiro pagão

Palamedes é uma personagem cavaleiresca que surge nos textos da Post Vulgata arturiana de forma discreta sem, no entanto, deixar de contribuir significativamente para a sua lógica estrutural interna.
Este herói chegou à tradição portuguesa numa época em que os textos já não estavam tão próximos do mito como nos textos franceses (especialmente os da Vulgata) e, dessa forma, Palamedes, cujo nome remete para origens míticas guerreiras (já que o partilha com o da tradição grega), aparece confinado ao seu amor por Iseu, cujos contornos de cortesia ultrapassam as estruturas míticas para se instalarem num plano de colocação face a Tristão enquanto seu duplo oposto.
Bom cavaleiro pagão, sarraceno, de uma obscura origem oriental, apenas esclarecida pelo seu parentesco que o identifica como filho de Esclabor, “o Desconoçudo” (e, noutros textos, como irmão de Saphar e sobrinho de Alphazar), Palamedes é conhecido como o “cavaleiro da Besta Ladrador”, uma das maravilhosas aventuras do reino de Logres (cuja popularidade peninsular na época é inclusivamente atestada na cantiga de Fernand’ Esquio “Disse um infante ante sa companha” - CBN 1607, CV 1140), desempenhando, paralelamente, um papel de destaque na Demanda do Santo Graal ao ser um dos cavaleiros que, juntamente com Galaaz e Persival, chega ao castelo do Graal, facto que contribui para o seu reposicionamento simbólico no ciclo.