Os mundos da edição em Portugal durante o Estado Novo

Este artigo procura um entendimento dos editores e da actividade editorial de livros em Portugal durante o Estado Novo. Através da exploração das tensões inerentes às lógicas, frequentemente contraditórias, em que a edição se constrói, analisa-se um sector caracterizado por uma natureza plural, em que a tradição coexiste com a mudança. É neste contexto que em larga medida se engendra a identidade do editor, cujas particularidades desafiam um certo universo mitificador da actividade e dos seus agentes durante o consulado de Salazar, designadamente no atinente à relação entre os mundos da edição e o carácter autoritário do regime.
This article tries to understand book publishers and book publishing in Portugal during the Estado Novo. By exploring the tensions inherent to the frequently contradictory logics that preside to the construction of publishing, the aim is to grasp a sector plural by nature, producing both change and tradition stability. It is this context that forges much of the identity of the Portuguese publisher, and whose particularities defy the myths that have surrounded the activity and its agents when referred to the times of Salazar’s consulate, namely in what concerns the connection between the publishing worlds and the authoritarian aspect of the regime.Cet article essaie une compréhension des éditeurs et de l’édition du livre au Portugal pendant l’Estado Novo. À travers l’exploration des tensions inhérentes aux logiques, souvent contradictoires, qui soutient la construction de l’édition, le but est saisir un secteur pluriel par nature, et où la transformation et la tradition coexistent. C’est dans ce contexte qui se forge l’identité de l’éditeur portugais, portant des particularités qui défient les mythes qui ont entouré la perception de l’activité et de leurs agents pendant le consulat de Salazar, surtout dans ce qui concerne le rapport entre les mondes de l’édition et l’aspect autoritaire du régime.