Abstract
Os chamados «Lais da Bretanha» dos cancioneiros medievais galego-portugueses (Cancioneiro da Biblioteca Nacional e Cancioneiro da Vaticana) encontram correspondência em episódios dos ciclos em prosa da Vulgata e Post-Vulgata, partilhando, ainda que de forma fragmentada, o quadro de acontecimentos retratado nesses episódios.
Embora Carolina Michaëlis de Vasconcelos e Sharrer tenham apontado as respectivas fontes (indicando lais arturianos contidos no Tristan en prose e a Folie Lancelot como base), os modelos permaneceram desconhecidos. Porém, a estrutura mítica subjacente ao conteúdo emerge à superfície da tipologia dos lais.
O Lai «Ledas sejamos ojemais», remetendo para o episódio do escudo de Lancelot aquando da sua estada no “Chastel Bliant” no Lancelot en prose, apresenta referências a um fundo folclórico muito anterior ao episódio em prosa. As donzelas, à maneira de ritual ancestral, apelam à dança que celebra a deslocação do herói principal para o reino infértil do rei tolheito, harmonizando o espaço simbólico da devastação.
Por seu turno, o Lai «Amor, des que m'a vós cheguei», que encontra paralelismo no episódio da estada de Isolda no castelo da Joiosa Guarda do Tristan en prose, contém o tema da deslocação da mulher para outro espaço simbólico, o que igualmente se relaciona com o problema da fertilidade e da hegemonia dos reinos. A mesma questão da deslocação entre os reinos reaparece no Lai «O Marot haja mal grado», confirmando a necessidade de uma leitura mítico-simbólica dos Lais galego-portugueses no contexto da tradição dos textos arturianos em prosa.
Embora Carolina Michaëlis de Vasconcelos e Sharrer tenham apontado as respectivas fontes (indicando lais arturianos contidos no Tristan en prose e a Folie Lancelot como base), os modelos permaneceram desconhecidos. Porém, a estrutura mítica subjacente ao conteúdo emerge à superfície da tipologia dos lais.
O Lai «Ledas sejamos ojemais», remetendo para o episódio do escudo de Lancelot aquando da sua estada no “Chastel Bliant” no Lancelot en prose, apresenta referências a um fundo folclórico muito anterior ao episódio em prosa. As donzelas, à maneira de ritual ancestral, apelam à dança que celebra a deslocação do herói principal para o reino infértil do rei tolheito, harmonizando o espaço simbólico da devastação.
Por seu turno, o Lai «Amor, des que m'a vós cheguei», que encontra paralelismo no episódio da estada de Isolda no castelo da Joiosa Guarda do Tristan en prose, contém o tema da deslocação da mulher para outro espaço simbólico, o que igualmente se relaciona com o problema da fertilidade e da hegemonia dos reinos. A mesma questão da deslocação entre os reinos reaparece no Lai «O Marot haja mal grado», confirmando a necessidade de uma leitura mítico-simbólica dos Lais galego-portugueses no contexto da tradição dos textos arturianos em prosa.
Original language | Portuguese |
---|---|
Title of host publication | De Britania a Britonia |
Subtitle of host publication | la leyenda artúrica en tierras de Iberia: cultura, literatura y traducción |
Editors | Juan Miguel Zarandona |
Place of Publication | Bern |
Publisher | Peter Lang |
Pages | 21-40 |
Number of pages | 20 |
ISBN (Electronic) | 978-3-0351-0759-3 |
ISBN (Print) | 978-3-0343-1557-9 |
DOIs | |
Publication status | Published - 2014 |
Publication series
Name | Relaciones literarias en el ámbito Hispánico |
---|
Keywords
- Lais
- Matéria da Bretanha
- Lancelot
- Cancioneiro Colocci-Brancuti
- Cancioneiro da Ajuda
- Cancioneiro da Vaticana