Orizicultura e a presença de arsénio no solo e na água de irrigação

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Abstract

O arroz é cultivado, em regadio, nas principais zonas húmidas de Portugal, situadas nas bacias dos rios Mondego, Tejo e Sado, sendo a espécie mais comum a Oryza sativa L., uma monocotiledónia da família das gramíneas. Representa uma importante contribuição energética na nutrição humana, sendo a principal fonte de tiamina, riboflavina e niacina. As condições de cultivo e a morfologia da planta favorecem a absorção do Arsénio (As) e a acumulação no grão com consequências graves na saúde humana. Compostos orgânicos e inorgânicos deste metaloide podem ser adsorvidos por via oral, inalação e dérmica. A absorção depende da solubilidade de cada composto. A toxicidade é maior nas formas inorgânicas, cerca de 100 vezes mais, do que nas formas parcialmente metiladas. A exposição continuada ao As pode resultar em patologias gastrointestinais, cardiovasculares e cancros da pele, pulmão, bexiga e rim (Souza et al., 2015). As fontes de exposição podem ser o ar, a água e os alimentos.

Em 1999, estudos desenvolvidos nos Estados Unidos revelaram a existência de elevadas concentrações de As inorgânico no arroz em comparação com outros produtos de consumo regular, representando para o ser humano uma importante fonte de exposição ao As ao longo da vida. A inundação dos canteiros e a saturação do solo facilitam a mobilização do As por via hídrica e a adsorção pelas raízes da planta, processos controlados pelo pH e Eh do solo. O conhecimento das fontes de As, se naturais ou antropogénicas, e o desenvolvimento de estudos para compreender os processos físicos e químicos de mobilização e adsorção são relevantes para a adoção de medidas de minimização e remediação, incorporadas em boas práticas agrícolas, essenciais para produção segura de arroz e seus derivados. Estes objetivos enquadram-se nas preocupações dos produtores de arroz do vale do Tejo, que conhecedores do problema, procuram inovar os processos de cultivo com o estabelecimento de parcerias de colaboração com o fim de melhorar o conhecimento da qualidade dos solos e água de irrigação para produção controlada e obtenção de produtos de elevada qualidade.

Integrado num estudo mais vasto e detalhado descrevem-se as metodologias utilizadas para caracterização física e química do solo e água de irrigação. Foi realizada uma campanha de amostragem, num total de 149 pontos amostrados, nos solos em pousio e nos canais de rega. A amostragem tem como finalidade a caracterização analítica do solo e água nos laboratórios de sedimentologia e hidroquímica do DCT/UNL. Compreende a quantificação de parâmetros físicos e químicos, tais como, a percentagem de matéria orgânica e fração fina do solo, a composição química elementar, o pH e o Eh, a condutividade elétrica da água e a composição iónica em elementos maiores. A região em estudo é constituída por parcelas agrícolas, situadas nas aluviões da margem esquerda do Tejo e nas margens do Sorraia e Almansor, na várzea que se estende no leito destes, totalizando aproximadamente 5000 ha de extensão.
Original languagePortuguese
Title of host publicationAbstract: 3.º Simpósio em Produção e Transformação de Alimentos
PublisherResearche and Networks in Health
PagesSPTA42.1-SPTA42.2
Number of pages2
Volume1,3
Publication statusPublished - 2017

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