Abstract
A presente investigação analisa algumas peças da dupla dos artistas portugueses João Maria Gusmão e Pedro Paiva a partir dos debates relacionados com a Arqueologia dos Media e a historiografia artística, através dos conceitos de zombie media (Hertz e Parikka 2012), obsolescência (Elsaesser 2018) e reinvenção (Krauss 1999a, 1999b). Elegendo como obras fulcrais as projeções Pôr do Sol, Camelos no Egipto, Torneira, Quadrado branco a saltar sobre quadrado verde, Neve e Laranja Verde (2017-2018), pretendemos evidenciar de que forma esses artistas rompem com uma lógica de uso comum e normativa dos dispositivos. Tendo em consideração os projetos anteriores, maioritariamente baseados na reativação de mecanismos obsoletos como as películas 16mm, Gusmão e Paiva continuam a refletir sobre uma noção pré-digital da imagem. No caso das obras consideradas na presente investigação, configura-se uma única instalação composta por diversos projetores de imagem fixa que, após os seus sistemas originais terem sido alterados, passam a simular uma imagem animada. Essas obras referem-se a uma dimensão arqueológica dos princípios do cinema e dos primeiros dispositivos óticos, engendrando um ambiente repleto de carga imersiva e debatendo sobre a perceção e o corpo do observador em relação ao espaço expositivo. Recupera-se uma experiência de encantamento do indivíduo mediante os grandes planos de cor, a ilusão analógica do movimento e a ficção temporal. Como estratégia de análise comparada, evocar-se-á outros exemplos do campo artístico, nomeadamente as produções dos artistas Francisco Tropa e Rosângela Rennó.
Translated title of the contribution | Obsolescence and reinvention: the case study of João Maria Gusmão and Pedro Paiva |
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Original language | Portuguese |
Pages (from-to) | 66-85 |
Number of pages | 20 |
Journal | Revista de Comunicação e Linguagens |
Volume | 52 |
Publication status | Published - 23 May 2020 |
Keywords
- Arqueologia dos Media
- Reinvenção
- Obsolescência
- Projetor de Diapositivos
- Zombie Media