O Tractado de las Drogas de Cristóvão da Costa: Um marco indelével na História da Botânica

Cristóvão da Costa publicou, em Burgos, em 1578, Tractado de las Drogas, y medicinas de las Indias Orientales, con sus plantas debuxadas al bivo por Christoval Acosta medico y cirurjano que las vio ocularmente. Neste volume, o físico português reuniu as mais actualizadas notícias sobre as drogas, especiarias e produtos utilizados na medicina, culinária ou produção têxtil. Amplamente baseada na obra do médico português Garcia de Orta, Colóquios dos Simples e Drogas e Coisas Medicinais da Índia (Goa, 1563) o tratado de Costa revelava, no entanto, uma novidade absoluta na Europa de Quinhentos: a ilustração feita “ao vivo” das plantas asiáticas ali descritas. Esta aperfeiçoamento, do qual Costa não prescindiu e que considerou o mais inovador contributo do seu tratado, trouxe, pela primeira vez à Europa, as imagens das plantas Orientais desenhadas “ao vivo”por testemunhas oculares. Esta motivação de Costa teve evidentes consequêncas políticas e científicas. Se, por um lado, possibilitou, ao mundo ibérico, uma mais clara apropriação daquele espaço ultramarino, por outro, actualizou e complementou a informação de cariz científico então em circulação. Atendendo a que esta última nos parece uma perspectiva menos explorada, mas nem por isso menos relevante, com o presente ensaio pretendemos contribuir para clarificar de que forma, naquele final da década de 1570, o Tractado de
las Drogas constituiu um marco indelével na construção do saber botânico à escala global.