Abstract
Apesar da distância geracional que há entre a autora brasileira, Angela Lago (1945-2017), e a portuguesa, Catarina Sobral (1985-), há muitos pontos de contato entre essas duas artistas. Além de escreverem em Língua Portuguesa, assinarem pelo texto e pelas ilustrações de suas obras, conceberem o projeto gráfico de suas produções e serem internacionalmente premiadas, os livros por elas produzidos podem ser apreciados por leitores de todas as idades, pois ambas estabelecem jogos intertextuais com outros escritores e inserem narrativas secundárias nas histórias que contam por meio da ilustração, ampliando as possibilidades de leitura.
Os dois primeiros livros com texto e ilustração de Angela Lago, O fio do riso e Sangue de barata, vieram a lume em 1980, pela editora mineira Vigília, e foram editados posteriormente pela RHJ. Na década de 1990, a artista lançou uma dezena de livros, diversificando sempre as técnicas, indo do bico de pena à tinta acrílica. Foi das primeiras da sua geração a utilizar também o computador para criar suas obras. Publicou mais de trinta livros autorais e ilustrou muitos outros até 2017, ano de sua morte. Algumas de suas obras foram lançadas no exterior antes de serem publicadas no Brasil, caso de Cena de rua e de João Felizardo, o Rei dos Negócios, editados primeiro no México, ambos premiados com o Jabuti, respectivamente em 1995 e 2008. Obras como Festa no céu e Uni, duni, tê (1982), foram inspiradas na tradição popular brasileira; mas há também livros que dialogam com artistas plásticos como Maurits Escher, a exemplo do belíssimo O cântico dos cânticos (1992). Nesse álbum de imagens, inspirado no poema bíblico homônimo, os amantes percorrem labirintos e se encontram no desencontro das páginas ímpares, ocupadas pelo masculino, e pares, percorridas pela figura feminina. O tempo fugaz e intenso do encontro acontece nas páginas centrais, sempre tão caras na criação da artista brasileira.
Por sua vez, a autora portuguesa, Catarina Sobral, estreou na Literatura Infantil com o livro Greve, que recebeu a Menção Especial do Prémio Nacional de Ilustração de 2011, na Feira de Bolonha. O livro Achimpa! foi agraciado na categoria de "Melhor Livro Infanto-juvenil", da Sociedade Portuguesa de Autores, em 2013. Com o livro O meu avô, a autora conquistou o Prêmio Internacional de Ilustração da Feira do Livro Infantil de Bolonha. As incursões da artista pelo teatro e o cinema de animação também dialogam com seu trabalho como ilustradora. O Álbum Impossível foi criado a partir do espetáculo teatral homônimo. Por sua vez, o livro de imagens Vazio inspirou a criação do filme de animação Razão entre dois volumes. É autora também de O chapeleiro e o vento, A sereia e os gigantes e Tão tão grande. As técnicas de ilustração empregadas por essa artista são mistas. Catarina Sobral utiliza pinturas, colagens, cores e texturas na concepção de seus livros, mas também programas de computador para criar ou finalizar seus desenhos.
Por meio deste ensaio, pretende-se analisar obras dessas duas artistas, confrontando características dessa produção tão peculiar que é a criação de livros para crianças. Na primeira parte, apresentarei um breve panorama da literatura destinada à infância, para que melhor se entenda em que contexto se deu essa produção. Além disso, serão elencadas algumas características dos livros de imagens e com imagens, pensados especialmente para crianças. Na segunda parte, será realizada a análise comparatista propriamente dita, a partir da leitura de obras das duas autoras.
Os dois primeiros livros com texto e ilustração de Angela Lago, O fio do riso e Sangue de barata, vieram a lume em 1980, pela editora mineira Vigília, e foram editados posteriormente pela RHJ. Na década de 1990, a artista lançou uma dezena de livros, diversificando sempre as técnicas, indo do bico de pena à tinta acrílica. Foi das primeiras da sua geração a utilizar também o computador para criar suas obras. Publicou mais de trinta livros autorais e ilustrou muitos outros até 2017, ano de sua morte. Algumas de suas obras foram lançadas no exterior antes de serem publicadas no Brasil, caso de Cena de rua e de João Felizardo, o Rei dos Negócios, editados primeiro no México, ambos premiados com o Jabuti, respectivamente em 1995 e 2008. Obras como Festa no céu e Uni, duni, tê (1982), foram inspiradas na tradição popular brasileira; mas há também livros que dialogam com artistas plásticos como Maurits Escher, a exemplo do belíssimo O cântico dos cânticos (1992). Nesse álbum de imagens, inspirado no poema bíblico homônimo, os amantes percorrem labirintos e se encontram no desencontro das páginas ímpares, ocupadas pelo masculino, e pares, percorridas pela figura feminina. O tempo fugaz e intenso do encontro acontece nas páginas centrais, sempre tão caras na criação da artista brasileira.
Por sua vez, a autora portuguesa, Catarina Sobral, estreou na Literatura Infantil com o livro Greve, que recebeu a Menção Especial do Prémio Nacional de Ilustração de 2011, na Feira de Bolonha. O livro Achimpa! foi agraciado na categoria de "Melhor Livro Infanto-juvenil", da Sociedade Portuguesa de Autores, em 2013. Com o livro O meu avô, a autora conquistou o Prêmio Internacional de Ilustração da Feira do Livro Infantil de Bolonha. As incursões da artista pelo teatro e o cinema de animação também dialogam com seu trabalho como ilustradora. O Álbum Impossível foi criado a partir do espetáculo teatral homônimo. Por sua vez, o livro de imagens Vazio inspirou a criação do filme de animação Razão entre dois volumes. É autora também de O chapeleiro e o vento, A sereia e os gigantes e Tão tão grande. As técnicas de ilustração empregadas por essa artista são mistas. Catarina Sobral utiliza pinturas, colagens, cores e texturas na concepção de seus livros, mas também programas de computador para criar ou finalizar seus desenhos.
Por meio deste ensaio, pretende-se analisar obras dessas duas artistas, confrontando características dessa produção tão peculiar que é a criação de livros para crianças. Na primeira parte, apresentarei um breve panorama da literatura destinada à infância, para que melhor se entenda em que contexto se deu essa produção. Além disso, serão elencadas algumas características dos livros de imagens e com imagens, pensados especialmente para crianças. Na segunda parte, será realizada a análise comparatista propriamente dita, a partir da leitura de obras das duas autoras.
Original language | Portuguese |
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Title of host publication | Travessias imaginárias |
Subtitle of host publication | Literaturas de língua portuguesa em nova perspectiva |
Editors | Mirna Queiroz |
Place of Publication | São Paulo |
Publisher | Edições Sesc |
Pages | 218-243 |
Number of pages | 25 |
ISBN (Print) | 978-65-86111-27-9 |
Publication status | Published - 2020 |
Keywords
- Livro ilustrado
- Literatura infanto-juvenil