Activities per year
Abstract
Os críticos de O Espectador: Jornal de Teatros e filarmónicas procuraram, continuamente, por meio de encómios e reparos, definir quais os âmbitos da programação das emergentes academias diletantísticas da capital: enquanto para as Academia Filarmónica e Assembleia Filarmónica de Lisboa ou para as demais sociedades de amadores incitavam a realização de concertos para a fruição dos mais agradados e de outros desconhecidos trechos do repertório lírico ou admitiam, em seu lugar, a regular realização de saraus, para que as notáveis dilettanti pudessem “brilhar (...) nos cultos de Euterpe e Terpsicore”, insistiam que à Academia Melpomenense competia a
execução das “produções clássicas” sinfónicas e sacro-sinfónicas que tanto agradavam nos demais centros europeus e ainda a estreia ou reposição de obras de música instrumental, de música sacra ou de excertos de ópera e peças concertantes de compositores portugueses. Procurando elevar a academia constituída pelos professores de música ao estatuto de primordial sociedade concertística do país, e de, por essa via, obter da Casa Real o tão necessário patrocínio régio, os directores da Academia Melpomenense encetaram tal desiderato, tendo apresentado vários trechos sinfónicos de Beethoven, Haydn, Mozart, Weber, Mendelssohn e Berlioz, entre outras
obras instrumentais de menor exigência e de menor valor artístico. Outros autores, tais como o redactor de O Espelho do Palco, o articulista da Revista dos
Espectáculos e o director-redactor de O Trovador, oferecem-nos outros loquazes apontamentos, redigidos sobre a habitual actividade e funcionamento da orquestra do Teatro de São Carlos que nos permitem inferir quais as rotinas das demais orquestras da capital e daquelas das filarmónicas, e, mormente, aferir as características de tais interpretações das obras dos “grandes mestres”. A presente comunicação discutirá a programação das orquestras das filarmónicas lisbonenses, tomando especial enfoque na actividade da Academia Melpomenense (e sucedâneas Academia Real dos Professores de Música e Academia Real dos Professores e Amadores de Música), visando, por
meio do confronto de apreciações de connoisseurs e críticos e da análise de obras de música instrumental de compositores portugueses, discutir os contextos e constrangimentos que presidiram à inicial recepção da produção sinfónica dos mestres da primeira escola de Viena e dos compositores primo-oitocentistas alemães e franceses.
execução das “produções clássicas” sinfónicas e sacro-sinfónicas que tanto agradavam nos demais centros europeus e ainda a estreia ou reposição de obras de música instrumental, de música sacra ou de excertos de ópera e peças concertantes de compositores portugueses. Procurando elevar a academia constituída pelos professores de música ao estatuto de primordial sociedade concertística do país, e de, por essa via, obter da Casa Real o tão necessário patrocínio régio, os directores da Academia Melpomenense encetaram tal desiderato, tendo apresentado vários trechos sinfónicos de Beethoven, Haydn, Mozart, Weber, Mendelssohn e Berlioz, entre outras
obras instrumentais de menor exigência e de menor valor artístico. Outros autores, tais como o redactor de O Espelho do Palco, o articulista da Revista dos
Espectáculos e o director-redactor de O Trovador, oferecem-nos outros loquazes apontamentos, redigidos sobre a habitual actividade e funcionamento da orquestra do Teatro de São Carlos que nos permitem inferir quais as rotinas das demais orquestras da capital e daquelas das filarmónicas, e, mormente, aferir as características de tais interpretações das obras dos “grandes mestres”. A presente comunicação discutirá a programação das orquestras das filarmónicas lisbonenses, tomando especial enfoque na actividade da Academia Melpomenense (e sucedâneas Academia Real dos Professores de Música e Academia Real dos Professores e Amadores de Música), visando, por
meio do confronto de apreciações de connoisseurs e críticos e da análise de obras de música instrumental de compositores portugueses, discutir os contextos e constrangimentos que presidiram à inicial recepção da produção sinfónica dos mestres da primeira escola de Viena e dos compositores primo-oitocentistas alemães e franceses.
Original language | Portuguese |
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Pages | 90 |
Number of pages | 1 |
Publication status | Published - Nov 2019 |
Event | IX ENIM - Encontro de Investigação em Música - Universidade Nova de Lisboa , Lisboa, Portugal Duration: 14 Nov 2019 → 16 Nov 2019 Conference number: IX http://www.spimusica.pt/enim-2019/ http://www.spimusica.pt/enim/ |
Conference
Conference | IX ENIM - Encontro de Investigação em Música |
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Abbreviated title | IX ENIM |
Country/Territory | Portugal |
City | Lisboa |
Period | 14/11/19 → 16/11/19 |
Internet address |
Keywords
- Sinfonia
- Segunda escola de Viena
- Orquestra
- Direcção de orquestra
- Filarmónicas
Activities
- 1 Oral presentation
-
"O infernal tak tak com que nos aturdem os ouvidos": os constrangimentos à recepção das obras sinfónicas dos "grandes mestres" nas filarmónicas de Lisboa
Rui Magno da Silva Pinto (Speaker)
Nov 2019Activity: Talk or presentation › Oral presentation