Abstract
O Presidente da República Portuguesa condecorou a Comunidade Islâmica de
Lisboa, no seu 50º aniversário, com a Ordem da Liberdade. O ato, politicamente assertivo e profusamente difundido no media, suscitou comentários islamófobos nas redes sociais. Saba Mahmood (1962 – 10 de março de 2018, in memoriam) explorou, em Politics of Piety (2004), a interseção entre género e religião nos movimentos pietistas islâmicos do Cairo por forma a obrigar-nos a desafiar o próprio caracter sacralizado do princípio da liberdade. O livro, conceptualmente provocatório, foi atacado por feministas liberais. Por outro lado, em Religious Difference in a Secular Age: A Minority Report (2015) Saba contesta as ideias convencionais de que o secularismo — vulgarmente interpretado como a separação entre a religião do estado — reduziria as tensões religiosas e políticas nos países muçulmanos, argumentando, que a condição secular implica, ao contrário, um envolvimento ativo do estado na regulação da vida e instituições religiosas. Os limites que Saba Mahmood (não) impôs à reflexão sobre religião, feminismo e secularismo são desafiadores e potencialmente perturbadores do ponto de vista político e disciplinar, mas imprescindíveis para uma reflexão apartada sobre estado, liberdade religiosa, género e, também, Antropologia. Seguirei aqui a sua pista, comentando conceptualmente medidas, vocabulários e atos simbólica e politicamente densos da realidade do Islão público em Portugal.
Lisboa, no seu 50º aniversário, com a Ordem da Liberdade. O ato, politicamente assertivo e profusamente difundido no media, suscitou comentários islamófobos nas redes sociais. Saba Mahmood (1962 – 10 de março de 2018, in memoriam) explorou, em Politics of Piety (2004), a interseção entre género e religião nos movimentos pietistas islâmicos do Cairo por forma a obrigar-nos a desafiar o próprio caracter sacralizado do princípio da liberdade. O livro, conceptualmente provocatório, foi atacado por feministas liberais. Por outro lado, em Religious Difference in a Secular Age: A Minority Report (2015) Saba contesta as ideias convencionais de que o secularismo — vulgarmente interpretado como a separação entre a religião do estado — reduziria as tensões religiosas e políticas nos países muçulmanos, argumentando, que a condição secular implica, ao contrário, um envolvimento ativo do estado na regulação da vida e instituições religiosas. Os limites que Saba Mahmood (não) impôs à reflexão sobre religião, feminismo e secularismo são desafiadores e potencialmente perturbadores do ponto de vista político e disciplinar, mas imprescindíveis para uma reflexão apartada sobre estado, liberdade religiosa, género e, também, Antropologia. Seguirei aqui a sua pista, comentando conceptualmente medidas, vocabulários e atos simbólica e politicamente densos da realidade do Islão público em Portugal.
Original language | Portuguese |
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Pages | 2-3 |
Number of pages | 2 |
Publication status | Published - 2018 |
Event | IV Colóquio Anual "A Religião nas Múltiplas Modernidades"(RELIMM), org. CEC-FLUL e CRIA, Lisboa, ISCTE-IUL - ISCTE-IUL, Lisbon, Portugal Duration: 20 Jun 2018 → 21 Jun 2018 http://cria.org.pt/wp/wp-content/uploads/2018/06/ReliMM-2018_Programa-1.pdf |
Conference
Conference | IV Colóquio Anual "A Religião nas Múltiplas Modernidades"(RELIMM), org. CEC-FLUL e CRIA, Lisboa, ISCTE-IUL |
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Country/Territory | Portugal |
City | Lisbon |
Period | 20/06/18 → 21/06/18 |
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