Abstract
O discurso estético de Debussy apresenta-se como sinal de um íntimo apelo telúrico. Escutar a voz da Natureza, apreender o seu ritmo vital, contemplar o seu fundo insondável – são experiências que ressoam na sua música e no seu pensamento sobre a criação musical. Contudo, para Debussy, o elo entre música e natureza é apenas vislumbrado, permanecendo secreto e inefável. O discurso só poderá surpreender algumas destas ligações longínquas tornando-se ele próprio musical e reverberante, através da sua reconfiguração poética. Assim, Debussy salvaguarda a memória da Natureza do intuito descritivo, recorrendo à prosa poética. No seu discurso crítico intercalam-se passagens que evocam paisagens em miniatura. Aqui, a poesia da sua escrita ressoa algo que aponta para o “movimento total” da Natureza, na sua plasticidade, no seu vitalismo e no seu mistério. Natureza apreendida em passagem, no trânsito de imagens emergentes de um devaneio poético. Na impossibilidade de compreender a música através da linguagem, Debussy apresenta um elo comum, alusivo: a floresta de símbolos por decifrar. Tratarei o modo como Debussy compõe estas miniaturas literárias e o modo como nelas se entretecem algumas intertextualidades filosóficas e poéticas.
Original language | Portuguese |
---|---|
Publication status | Published - 2015 |
Event | 4º Seminário Música, Teoria Crítica, Comunicação - FCSH, Lisboa, Portugal Duration: 1 Apr 2015 → 31 Jul 2015 |
Seminar
Seminar | 4º Seminário Música, Teoria Crítica, Comunicação |
---|---|
Country/Territory | Portugal |
City | Lisboa |
Period | 1/04/15 → 31/07/15 |
Keywords
- Debussy
- Poético
- Discurso