No tempo das meninas da rádio: música, identidade nacional e imaginação internacional

Research output: Contribution to conferenceAbstractpeer-review

Abstract

A história das meninas da rádio cruza-se, no Portugal dos anos 30 e 40, com diversas realidades, nomeadamente com as associações e rádios de bairro, com o cinema, com a edição musical, com as políticas de programação da Emissora Nacional, e.o. As meninas da rádio que iniciavam maioritariamente as suas experiências radiofónicas nas pequenas estações de bairro, sonhavam com a admissão na Emissora Nacional e com a integração na sua estrutura de produção musical. Neste sentido, sobretudo com a entrada de António Ferroem 1941, as meninas da rádio são enquadradas no novo desígnio identitário de “aportuguesar” as emissões, mas sem perder as referências aos repertórios musicais internacionais. A contratação de compositores, arranjadores e a criação de orquestras auxiliaria, neste período, a sua integração nas recém-criadas estruturas de produção, nos novos programas lançados e, em alguns casos, na internacionalização com o apoio estatal. A institucionalização de modelos performativos internacionais na Emissora Nacional, sobretudo no caso de grupos de “irmãs”, à semelhança do cinema e da rádio norte-americana (como as Andrews Sisters ou as Boswell Sisters), espelha o olhar de António Ferro no que considerava ser o encontro de “Portugal com o mundo”, o “aportuguesar” dos repertórios e das emissões da rádio pública, sem perder a “imaginação internacional”.
Nesta apresentação, pretende-se assim destacar o percurso das meninas da rádio,problematizando-o a partir das linhas programáticas definidas por António Ferro para a rádio pública no contexto do Estado Novo.

Cite this