Nem planos sem programação nem programação sem plano – Alcance e resiliência do plano como instrumento de eficiente regulação e desenvolvimento urbano

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Abstract

Nas últimas duas décadas Portugal assistiu a uma forte expansão urbana induzida por fatores diversos sem permitir a implementação de políticas e procedimentos de gestão eficiente do desenvolvimento urbano ambiental e economicamente sustentáveis. Fruto das contradições entre as políticas expansionistas e as de sustentabilidade e entre o caráter positivista rígido dos instrumentos e o caráter desregulado processos de gestão, a administração acabou por estimular um crescimento urbano com anomalias e desequilíbrios. Enquanto isso, instituía um sistema de planeamento que chegou tarde e sem uma cultura de gestão eficaz, alicerçado no plano diretor municipal que assentava na definição de um modelo territorial mas sem um modelo de gestão que sustentasse a sua execução estrategicamente controlada. A gestão territorial urbana ficou apoiada num modelo com margem de gestão aleatória orientada pela estratégia dos promotores e balizada por uma mera parametrização urbanimétrica definida a escalas inapropriadas para a gestão dos perímetros urbanos. O resultado foi um crescimento urbano extensivo, fragmentado, economicamente desarticulado e ambientalmente desqualificado, desligado das dinâmicas demográficas e a falta de consolidação onde se fez sentir a estagnação daquele crescimento. Foi o ciclo da urbanização, com plano mas sem visão, sem prévia avaliação, sem programação e sem monitorização, que deixou algumas certezas: o planeamento positivista sem caráter adaptativo não tem capacidade de articulação dinâmica e o plano deve ser sensível e adequar-se oportunamente à dinâmica presente, reajustando objetivos e metas para uma assertiva gestão do desenvolvimento urbano. Perante este quadro, surgem novas apologias afirmando que o planeamento prospetivo já não é válido face às aceleradas dinâmicas e mudanças de paradigma, defendendo o planeamento por oportunidade (Just-in-Time) e a contratualização do planeamento e da ação urbanizadora aos particulares, apenas acompanhada de fiscalização sucessiva. A comunicação procura evidenciar as contradições do sistema e as vicissitudes das práticas do planeamento vigentes e equiparáveis às novas tendências conceptuais atrás referidas para propor novos instrumentos ou reformas para um planeamento dotado de alcance e resiliência que o capacite para uma eficiente regulação e catalisação do desenvolvimento urbano. A abordagem empírica de suporte é baseada no eixo de expansão urbana (margem sul do tejo) da AML, gerada pela construção da Ponte Vasco da Gama.
Original languageUnknown
Title of host publicationActas do Encontro Anual da AD URBEM, Coimbra
Place of PublicationLisboa
PublisherAD URBEM
Pages3-12
ISBN (Print)n/a
Publication statusPublished - 1 Jan 2013

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