Abstract
Originalmente associado ao Ofício de Matinas, o Te Deum foi ocupando ao longo dos séculos um lugar destacado na liturgia solene de acção
de graças por ocasião de grandes acontecimentos sociais e políticos. Em Portugal, o costume de interpretar um grande Te Deum policoral "alla romana" no dia 31 de Dezembro, fomentado por D. João V a partir de 1718, perdurou até ao século XIX. No entanto, as tipologias do Te Deum eram
muito mais variadas, correspondendo a diferentes contextos de execução.
Por exemplo, para a aclamação da rainha D. Maria I (1777), David Perez compôs um Te Deum cuja instrumentação prescindia dos violinos e violas
e incluía apenas sopros e cordas graves. Tratava-se do chamado modelo do "Te Deum de corte", também usado quando se anunciava um nascimento real. Entre as versões mais simples destinadas à liturgia regular (para coro concertato a 4 ou 8 vozes e baixo contínuo) e a exuberância das obras
para o Dia de São Silvestre (para solistas, dois coros e duas orquestras), encontramos um considerável número de possibilidades, por vezes ditadas pelos locais de execução como no caso Te Deum para dois tenores e três baixos solistas, coro de vozes graves e cinco órgãos, que Marcos Portugal
escreveu para o baptizado da infanta D. Ana de Jesus, realizado na Real Basílica de Mafra em 1807. Nas ocasiões mais importantes, a música era
acompanhada por um grande aparato cenográfico, envolvendo arquitecturas e decorações efémeras, e detalhadas normas cerimoniais. Ao longo
do tempo, diferentes gerações de compositores foram reinventando este género ligado a códigos funcionais específicos e adaptaram o seu conteúdo
musical a novas tendências estéticas. Este artigo procura sistematizar os diferentes modelos de Te Deum usados em Portugal entre 1750 e 1807
(correspondente aos reinados de D. José e D. Maria I e à regência do futuro D. João VI) e o seu enquadramento cerimonial, dando particular
destaque às obras interpretadas em eventos dinásticos (como nascimentos, baptizados, casamentos, aclamações e outras celebrações que envolviam a
monarquia) e às suas particularidades específicas na representação sonora do poder real.
de graças por ocasião de grandes acontecimentos sociais e políticos. Em Portugal, o costume de interpretar um grande Te Deum policoral "alla romana" no dia 31 de Dezembro, fomentado por D. João V a partir de 1718, perdurou até ao século XIX. No entanto, as tipologias do Te Deum eram
muito mais variadas, correspondendo a diferentes contextos de execução.
Por exemplo, para a aclamação da rainha D. Maria I (1777), David Perez compôs um Te Deum cuja instrumentação prescindia dos violinos e violas
e incluía apenas sopros e cordas graves. Tratava-se do chamado modelo do "Te Deum de corte", também usado quando se anunciava um nascimento real. Entre as versões mais simples destinadas à liturgia regular (para coro concertato a 4 ou 8 vozes e baixo contínuo) e a exuberância das obras
para o Dia de São Silvestre (para solistas, dois coros e duas orquestras), encontramos um considerável número de possibilidades, por vezes ditadas pelos locais de execução como no caso Te Deum para dois tenores e três baixos solistas, coro de vozes graves e cinco órgãos, que Marcos Portugal
escreveu para o baptizado da infanta D. Ana de Jesus, realizado na Real Basílica de Mafra em 1807. Nas ocasiões mais importantes, a música era
acompanhada por um grande aparato cenográfico, envolvendo arquitecturas e decorações efémeras, e detalhadas normas cerimoniais. Ao longo
do tempo, diferentes gerações de compositores foram reinventando este género ligado a códigos funcionais específicos e adaptaram o seu conteúdo
musical a novas tendências estéticas. Este artigo procura sistematizar os diferentes modelos de Te Deum usados em Portugal entre 1750 e 1807
(correspondente aos reinados de D. José e D. Maria I e à regência do futuro D. João VI) e o seu enquadramento cerimonial, dando particular
destaque às obras interpretadas em eventos dinásticos (como nascimentos, baptizados, casamentos, aclamações e outras celebrações que envolviam a
monarquia) e às suas particularidades específicas na representação sonora do poder real.
Original language | Portuguese |
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Title of host publication | Música en las cortes ibéricas (1700-1834) |
Subtitle of host publication | ceremonial, artes del espectáculo y representación del poder |
Editors | Cristina Fernandes, Judith Ortega |
Place of Publication | Madrid |
Publisher | SEdeM - Sociedad Española de Musicología |
Pages | 235-266 |
Number of pages | 31 |
ISBN (Print) | 978-84-19911-00-1 |
Publication status | Published - 2023 |