Música para Vésperas nos Cartapácios de Coimbra

Sendo a Hora de Vésperas, entre as que constituem o Ofício Divino, objecto privilegiado do ponto de vista musical (nomeadamente através do enriquecimento polifónico) não tem, no entanto, sido foco de investigação nas fontes portuguesas. Apesar do abundante reportório sobrevivente, alguns dos elementos que a constituem (como salmos ou hinos polifónicos) têm despertado menor interesse relativamente a géneros como a missa ou o motete. Por outro lado, o renovado e recente interesse académico pela abordagem de fontes primárias com notação musical, nomeadamente através do projecto Intercâmbios Musicais: 1100 - 1650 não chegou ainda ao estudo dos Cartapácios: um conjunto de dezanove códices manuscritos da primeira metade do século XVII, adquiridos para a B.G.U.C. por Mário de Sampayo Ribeiro. A única abordagem a este fundo limitasse à edição do manuscrito P-Cug MM 50, por Jorge Matta. Além desta, restam as referências nas publicações de Manuel Carlos de Brito nos anos 80 e, em 2011, de José Abreu e de Paulo Estudante. Todos afirmam o interesse que acarretaria o estudo deste fundo, quer pela riqueza do reportório que abarca, quer pela inclusão, em algumas obras, de partes instrumentais escritas, a par da polifonia vocal. O estudo dos Cartapácios, com enfoque particular no reportório de Vésperas aí contido, bem como a investigação sobre práticas litúrgicas e musicais associadas a esta Hora, em Coimbra e em outras instituições ibéricas, é o projecto apresentado como minha proposta de doutoramento. Sendo um projecto em fase inicial de investigação, crê-se, no entanto que possua relevância e elementos suficientes para apresentação no contexto do III Simpósio Internacional de Música Ibero-Americana.