Abstract
Sonata para violino e piano no 1 (1908)
Luís de Freitas Branco nasceu em Lisboa no seio de uma família da alta aristocracia portuguesa. Descendente direto de Marquês de Pombal, Damião de Góis era seu antepassado longínquo. Através de seu pai, que foi funcionário da administração monárquica, contatou diretamente com o Rei D. Carlos e os príncipes D. Luís Filipe e D. Manuel.
Com treze anos, Luís de Freitas Branco tinha aulas de violino três vezes por semana com André Goñi, professor da Academia de Amadores de Música, e de piano com Timóteo da Silveira. Em 1906 o compositor belga Désiré Pâque estabelece-se em Lisboa, a sua influência viria a ser determinante para o jovem Luís de Freitas Branco.
A primeira sonata para violino e piano foi composta no ano de 1908, no Monte dos Perdigões, propriedade da família no Alentejo, na qual Luís de Freitas Branco passava longas temporadas, contava dezassete anos de idade. Segundo refere Nuno Bettencourt Mendes, a sonata no 1 para violino:
“...é uma obra de charneira na criação de Freitas Branco, não apenas pela segurança e pelo arejamento da sua linguagem, mas pelo facto de inaugurar aos 17 anos o culto das grandes formas instrumentais da música pura, que viriam a ser uma imagem de marca do compositor.” (Delgado et al., 2007, p. 164).
Segundo refere Paulo Ferreira de Castro, esta é a primeira obra importante de Luís de Freitas Branco, que revela uma clara influência de Cèsar Franck (Castro & Nery, 1991). Para além da forte influência do seu mestre Désiré Pâque, Freitas Branco terá sido influenciado pela escola violinística Franco-Belga, em especial pelo violinista Eugène Ysaÿe, que aquando dos seus concertos em Lisboa no Teatro D. Amélia no mês de Março do ano 1904, encantou na interpretação das sonatas de Cèsar Franck e Camille Saint-Saëns. No ano de 1906 o virtuoso violinista regressou a Portugal para concertos no Teatro S. Carlos, nos quais interpretou entre outras, obras de Gabriel Fauré e Henry Vieuxtemps. Importa referir que Eugène Ysaÿe foi agraciado pelo Rei D. Carlos com a Comenda da Ordem de Avis e Santiago de Espada1. Esta ocasião de contatar in loco com a sonata de Franck, poderá ter sido uma fonte de inspiração para a composição da primeira sonata do jovem Luis de Freitas Branco. No que refere à influência da obra de Franck, Bettencourt Mendes refere que:
“...a Sonata insere-se na linhagem de Cèsar Franck, ao mesmo tempo que revela uma sensualidade harmónica e uma tendência para as linhas ondulantes que podemos associar ao estilo Arte Nova. Com uma linguagem bastante pessoal para um compositor de 17 anos, tem a ousadia de acabar numa tonalidade diferente daquela em que começa (início em ré maior, final em lá maior).” (Delgado et al., 2007, p. 164).
Com esta obra, no ano de 1909, vence o primeiro prémio de um concurso organizado pela Sociedade de Música de Câmara. A revista Arte Musical de 30 de Junho de 1909, menciona que “...nota-se sem esforço nesta brilhante partitura o arrojo da conceção, a segurança da forma, a liberdade sem desordem e, mais que tudo, a dedução consciente dos motivos primordiais da obra...”(p. 178). A sonata no 1 teve a sua estreia na ocasião do concurso acima referido, pelo violinista Francisco Benetó2 e pelo pianista José Bonet. No ano de 1910 foi tocada pela primeira vez em Berlim, pela virtuosa violinista Marianne Scharwenka e pelo seu marido Philipp Scharwenka.
Desconhece-se a localização do manuscrito da obra, a sonata no 1 teve a sua primeira edição no ano de 1911, em Leipzig, edição P. Pabst. A segunda edição da obra, data do ano 1927 numa edição da casa Sassetti (Lisboa).
Carlos Damas
Luís de Freitas Branco nasceu em Lisboa no seio de uma família da alta aristocracia portuguesa. Descendente direto de Marquês de Pombal, Damião de Góis era seu antepassado longínquo. Através de seu pai, que foi funcionário da administração monárquica, contatou diretamente com o Rei D. Carlos e os príncipes D. Luís Filipe e D. Manuel.
Com treze anos, Luís de Freitas Branco tinha aulas de violino três vezes por semana com André Goñi, professor da Academia de Amadores de Música, e de piano com Timóteo da Silveira. Em 1906 o compositor belga Désiré Pâque estabelece-se em Lisboa, a sua influência viria a ser determinante para o jovem Luís de Freitas Branco.
A primeira sonata para violino e piano foi composta no ano de 1908, no Monte dos Perdigões, propriedade da família no Alentejo, na qual Luís de Freitas Branco passava longas temporadas, contava dezassete anos de idade. Segundo refere Nuno Bettencourt Mendes, a sonata no 1 para violino:
“...é uma obra de charneira na criação de Freitas Branco, não apenas pela segurança e pelo arejamento da sua linguagem, mas pelo facto de inaugurar aos 17 anos o culto das grandes formas instrumentais da música pura, que viriam a ser uma imagem de marca do compositor.” (Delgado et al., 2007, p. 164).
Segundo refere Paulo Ferreira de Castro, esta é a primeira obra importante de Luís de Freitas Branco, que revela uma clara influência de Cèsar Franck (Castro & Nery, 1991). Para além da forte influência do seu mestre Désiré Pâque, Freitas Branco terá sido influenciado pela escola violinística Franco-Belga, em especial pelo violinista Eugène Ysaÿe, que aquando dos seus concertos em Lisboa no Teatro D. Amélia no mês de Março do ano 1904, encantou na interpretação das sonatas de Cèsar Franck e Camille Saint-Saëns. No ano de 1906 o virtuoso violinista regressou a Portugal para concertos no Teatro S. Carlos, nos quais interpretou entre outras, obras de Gabriel Fauré e Henry Vieuxtemps. Importa referir que Eugène Ysaÿe foi agraciado pelo Rei D. Carlos com a Comenda da Ordem de Avis e Santiago de Espada1. Esta ocasião de contatar in loco com a sonata de Franck, poderá ter sido uma fonte de inspiração para a composição da primeira sonata do jovem Luis de Freitas Branco. No que refere à influência da obra de Franck, Bettencourt Mendes refere que:
“...a Sonata insere-se na linhagem de Cèsar Franck, ao mesmo tempo que revela uma sensualidade harmónica e uma tendência para as linhas ondulantes que podemos associar ao estilo Arte Nova. Com uma linguagem bastante pessoal para um compositor de 17 anos, tem a ousadia de acabar numa tonalidade diferente daquela em que começa (início em ré maior, final em lá maior).” (Delgado et al., 2007, p. 164).
Com esta obra, no ano de 1909, vence o primeiro prémio de um concurso organizado pela Sociedade de Música de Câmara. A revista Arte Musical de 30 de Junho de 1909, menciona que “...nota-se sem esforço nesta brilhante partitura o arrojo da conceção, a segurança da forma, a liberdade sem desordem e, mais que tudo, a dedução consciente dos motivos primordiais da obra...”(p. 178). A sonata no 1 teve a sua estreia na ocasião do concurso acima referido, pelo violinista Francisco Benetó2 e pelo pianista José Bonet. No ano de 1910 foi tocada pela primeira vez em Berlim, pela virtuosa violinista Marianne Scharwenka e pelo seu marido Philipp Scharwenka.
Desconhece-se a localização do manuscrito da obra, a sonata no 1 teve a sua primeira edição no ano de 1911, em Leipzig, edição P. Pabst. A segunda edição da obra, data do ano 1927 numa edição da casa Sassetti (Lisboa).
Carlos Damas
Original language | English |
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Article number | 1 |
Pages (from-to) | 47 |
Number of pages | 1 |
Journal | AVA Musical Editions |
Issue number | 1 |
Publication status | Published - 10 Jan 2022 |