Abstract
O que são estes ABCs que “na boca do povo” podiam designar qualquer obra rimada? E também se referiam às cartilhas de ABC (alfabeto e silabário) usadas na aprendizagem da leitura em aulas de instrução primária. De facto, ao longo do tempo, todo e qualquer texto (pedagógico, literário, jurídico) estruturado pelo alfabeto chamou-se Abecê, abecedê, alfabeto, ABC, abecedário. Mas enfim, o que são estes ABC de cordel? Estas singulares obras poéticas didácticas descritivas, enumerativas e até narrativas, cujas estrofes seguem a ordem do alfabeto? Como é que estas lições poéticas, estas louvações cantadas em lugares públicos e impressas em folhetos, chegaram ao Brasil? Qual é a sua função social? Quais são as tradições literárias e heranças culturais expressas de cada vez que a voz pronuncia o poema numa performance única e pessoal? Nestas páginas, o leitor poderá, num primeiro tempo, compreender como a tradição formal e temática dos ABC poéticos (acrósticos alfabéticos) que, ao serem impressos no contexto da literatura de cordel, se chamam em Portugal e no Brasil, ABC de cordel, contam a história dos textos orais e dos textos escritos. Conhecendo os elementos constitutivos desta forma poética tradicional mnemónica (estrofes, imagens, ritmos, formas orais tradicionais, tais como os discursos directos, provérbios, citações…) e o dinamismo da sua estrutura alfabética, o leitor terá “de A a Z” as chaves que o auxiliarão na leitura em voz alta ou silenciosa dos textos reunidos na Antologia de ABC poéticos (segunda parte). Para futuras investigações, um catálogo de referências foi constituído. Ele fecha temporariamente a viagem no tempo da poesia acróstica apresentada nesta obra.
Original language | Unknown |
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Place of Publication | Lisboa |
Publisher | Colibri |
ISBN (Print) | 9789896892036 |
Publication status | Published - 1 Jan 2012 |