Abstract
Esta exposição revisita a participação do escultor Jorge Vieira
(1922-1998) naquela que é considerada a primeira grande competição artística do pós-Segunda Guerra Mundial – o Concurso Internacional de Escultura: O Prisioneiro Político Desconhecido. Organizado pelo Instituto de Arte Contemporânea de Londres entre 1952 e 1953, este evento reuniu figuras destacadas do panorama museológico e artístico internacional e recebeu um grande interesse por parte dos artistas contemporâneos: para a exposição final na Tate Gallery foram selecionadas 140 maquetes provenientes de 54 países.
O tema do concurso surgiu com especial relevância no pós-guerra, por celebrar
a luta pela liberdade como um ideal universal. No entanto, este evento acabou por ser utilizado no contexto da Guerra Fria para defender os valores democráticos promovidos no bloco ocidental contra a influência da União Soviética no bloco de leste. Deste ponto de vista, a participação de Jorge Vieira, e também do escultor basco Jorge Oteiza, introduziu uma imagem mais complexa da realidade vivida na época. A sua escultura estabeleceu uma manifestação criativa de resistência, não só contra o totalitarismo na Península Ibérica, mas também contra a sua aceitação pelos estados ocidentais.
Esta exposição parte da conceção de um monumento ao prisioneiro político desconhecido no Portugal de Salazar para acompanhar a renovação da escultura monumental que Jorge Vieira levou a cabo nos anos da ditadura. Após a queda do regime, o escultor participaria na definição criativa do espaço cívico democrático através de vários projetos de escultura pública, que esta exposição destaca também. O monumento que concebera em 1952 pôde ser finalmente concretizado (Beja, 1994), redefinindo-se hoje em dia como um alerta contra a infiltração de discursos populistas que procuram contrariar visões críticas da história e reduzir a contemporaneidade a uma nova versão do país nos tempos do Estado Novo.
Para além da maquete do Monumento ao Prisioneiro Político Desconhecido, esta
exposição inclui registos documentais e bibliográficos sobre a trajetória expositiva desta obra em Portugal e no estrangeiro. Esta exposição beneficia ainda da representação de Jorge Vieira no acervo do Museu do Neo-Realismo, que para além de 4 peças escultóricas, inclui um significativo conjunto de desenhos e estudos produzidos entre as décadas de 1950 e 1980, provenientes da generosa doação da sua companheira, a escultora Noémia Cruz. Estes trabalhos dão conta da obra inovadora de Jorge Vieira, pela sua atitude de grande modernidade que foi determinante para a fundação da escultura
contemporânea portuguesa, mas também pelo seu empenhamento cívico e de luta antifascista ao longo do seu percurso artístico, que aqui se demonstra.
(1922-1998) naquela que é considerada a primeira grande competição artística do pós-Segunda Guerra Mundial – o Concurso Internacional de Escultura: O Prisioneiro Político Desconhecido. Organizado pelo Instituto de Arte Contemporânea de Londres entre 1952 e 1953, este evento reuniu figuras destacadas do panorama museológico e artístico internacional e recebeu um grande interesse por parte dos artistas contemporâneos: para a exposição final na Tate Gallery foram selecionadas 140 maquetes provenientes de 54 países.
O tema do concurso surgiu com especial relevância no pós-guerra, por celebrar
a luta pela liberdade como um ideal universal. No entanto, este evento acabou por ser utilizado no contexto da Guerra Fria para defender os valores democráticos promovidos no bloco ocidental contra a influência da União Soviética no bloco de leste. Deste ponto de vista, a participação de Jorge Vieira, e também do escultor basco Jorge Oteiza, introduziu uma imagem mais complexa da realidade vivida na época. A sua escultura estabeleceu uma manifestação criativa de resistência, não só contra o totalitarismo na Península Ibérica, mas também contra a sua aceitação pelos estados ocidentais.
Esta exposição parte da conceção de um monumento ao prisioneiro político desconhecido no Portugal de Salazar para acompanhar a renovação da escultura monumental que Jorge Vieira levou a cabo nos anos da ditadura. Após a queda do regime, o escultor participaria na definição criativa do espaço cívico democrático através de vários projetos de escultura pública, que esta exposição destaca também. O monumento que concebera em 1952 pôde ser finalmente concretizado (Beja, 1994), redefinindo-se hoje em dia como um alerta contra a infiltração de discursos populistas que procuram contrariar visões críticas da história e reduzir a contemporaneidade a uma nova versão do país nos tempos do Estado Novo.
Para além da maquete do Monumento ao Prisioneiro Político Desconhecido, esta
exposição inclui registos documentais e bibliográficos sobre a trajetória expositiva desta obra em Portugal e no estrangeiro. Esta exposição beneficia ainda da representação de Jorge Vieira no acervo do Museu do Neo-Realismo, que para além de 4 peças escultóricas, inclui um significativo conjunto de desenhos e estudos produzidos entre as décadas de 1950 e 1980, provenientes da generosa doação da sua companheira, a escultora Noémia Cruz. Estes trabalhos dão conta da obra inovadora de Jorge Vieira, pela sua atitude de grande modernidade que foi determinante para a fundação da escultura
contemporânea portuguesa, mas também pelo seu empenhamento cívico e de luta antifascista ao longo do seu percurso artístico, que aqui se demonstra.
Original language | Portuguese |
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Place of Publication | Vila Franca de Xira |
Publisher | Câmara Municipal de Vila Franca de Xira |
Number of pages | 149 |
ISBN (Print) | 978-989-531218-1-8 |
Publication status | Published - 11 Sept 2021 |
Event | Jorge Vieira: Monumento ao Prisioneiro Político Desconhecido - Museu do Neo-Realismo, Vila Franca de Xira, Portugal Duration: 11 Sept 2021 → 27 Feb 2022 http://www.museudoneorealismo.pt/exposicoes/evento-5/jorge-vieira-monumento-ao-prisioneiro-politico-desconhecido |