Guerra, Violência e Cavalaria em Portugal: 1367–1481

O período em foco nesta pesquisa se estende entre o reinado de D. Fernando e o de D. Afonso V, com destaque à ação guerreira e à violência decorrente das guerras contra Castela e contra os muçulmanos no Norte de África. O estudo se concentra numa análise da guerra e da violência tal como foi representada na documentação tardo-medieval portuguesa. Cremos que essa abordagem é complementar tanto aos estudos histórico-literários quanto aos que se debruçam sobre a História Militar, os últimos focados principalmente na organização e na prática da guerra no Portugal medieval. Assim, esta Tese enquadra-se sob o prisma da representação dos modelos de comportamento reproduzidos pela cultura guerreira e expostos nos textos que narram os conflitos portugueses, bem como num conjunto de documentos que revelam a prática das instituições e das populações no final do medievo. Tendo em conta o interesse desta problemática mais ampla no âmbito da historiografia portuguesa, propomos: caracterizar a relação entre a guerra, a violência e a cavalaria; verificar como esta era percebida pelos letrados e transposta para os textos; analisar a representação da violência guerreira no reino português tardo-medieval e se esta foi mitigada pelo ideal cavaleiresco (ou não). Também procuramos sistematizar uma tipologia das violências expostas nas fontes e, o mais importante, consolidar uma perspectiva sobre a relação entre a produção letrada, as práticas guerreiras e a construção de arquétipos na Baixa Idade Média Portuguesa. Com isso, de acordo com a perspectiva da historiografia que versa sobre a guerra, a violência e a cavalaria na ordenação da sociedade medieval, almeja-se compreender de que forma a cultura nobiliárquica e guerreira foi apreendida pelos letrados e adaptada ao discurso dominante que aqueles autores representavam.