Governar a memória da revolução: Que fizemos nós com os cravos?

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Abstract

Que farei eu com esta espada? realizado, em 1975, por João César Monteiro mostra como a Revolução de 25 de Abril de 1974 é ameaçada pela interferência de potências estrangeiras. Nas docas do rio Tejo, os navios da NATO são como Nosferatu que desembarca trazendo a peste consigo. Visionário, Monteiro aflora, já então, o “medo de existir” (GIL, 2007), e a negação em processar a história de ex-império. Sintomático do “medo de existir” e deste modo de governar a memória é que vários filmes proibidos pela ditadura tenham permanecido com acesso limitado estando em risco, devido à falta de preservação. Outro sintoma é a falta de debate em torno de “imagens-clarão” reveladoras – como sucedeu com 48, de Susana de Sousa Dias. As imagens de um certo cinema da e sobre a revolução e a ditadura em Portugal têm que ser resgatadas da invisibilidade a que têm estado sujeitas, no âmbito de um modo de “governar a memória” que passou – continua a passar? – pela obliteração de memórias para construir uma projeção nacional em que ecoa uma “ordem do discurso” (FOUCAULT, 1997) definida e propagandeada durante o Estado Novo. Uma “ética do visível” exige a recu- peração de todas as memórias e tem implicações políticas. Recuperar essas imagens-montagem (DIDI-HUBERMAN, 2012) é fundamental para a inteligibilidade das mesmas e para desconstruir uma projeção nacional feita com base em memórias governadas por uma agenda política.
Original languagePortuguese
Title of host publicationMídia, revolução e movimentos populares
Subtitle of host publicationos casos do Brasil e de Portugal
EditorsCarla Baptista, Adriano Gomes
Place of PublicationNatal, Brasil
PublisherEDUFRN
Pages248-275
Number of pages27
ISBN (Print)978-65-5569-149-8
Publication statusPublished - 2021

Keywords

  • Vampiros
  • Medo de existir
  • Não inscrição
  • Memória
  • Ética do visível

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