Abstract
O objectivo deste artigo é analisar o código de comportamento e de emocionalidade que nasce da literatura de auto‑ajuda publicada em Portugal a partir dos anos 1950, momento em que este tipo de publicações começa a ganhar presença e visibilidade. Inicialmente, este código parece afastar‑se dos preceitos tradicionais defendidos pelo Estado Novo. No entanto, a análise da sua base social – o desenvolvimento económico, a integração do país no circuito capitalista internacional, a constituição da empresa como novo centro de integração social, a presença de novas mentalidades tecnocráticas e a procura, por parte do poder político, de um tipo de legitimidade baseada no desempenho – permite avaliar melhor esse eventual “afastamento” para observar como o regime integrou e assumiu a nova cultura comportamental e emocional da auto‑ajuda num complexo produto de autoridade e liberdade. Tomando como referência os teóricos neofoucaltianos da governamentalidade analisa-se, através do exemplo da auto‑ajuda, essa combinação de racionalidade política liberal e autoritária que o Estado Novo exibiu nos seus últimos vinte anos.
Translated title of the contribution | Management, Development and Success: The Sociogenesis of Self-help Literature in Portugal |
---|---|
Original language | Portuguese |
Pages (from-to) | 41-61 |
Number of pages | 22 |
Journal | Revista Crítica de Ciências Sociais |
Volume | 94 |
DOIs | |
Publication status | Published - 2011 |
Keywords
- Auto-ajuda
- Estado Novo
- Governamentalidade
- Ideologia
- Literatura de autoa-juda
- Psicologia do comportamento
- Portugal