Abstract
Este capítulo apresenta histórias e vivências em torno do lobo explorando discursos, representações, práticas e seguindo um enquadramento antropológico para analisar perceções, crenças e conhecimentos.
Entre os carnívoros selvagens o lobo é a espécie mais frequente na literatura portuguesa. A maioria das referências diz respeito ao conflito e aos prejuízos económicos causados pelos ataques de lobos aos animais domésticos e está relacionada com uma visão necessariamente de domínio e utilitarismo prevalente
nas comunidades rurais. No entanto, diversos exemplos revelam, também, proximidade entre o lobo e os humanos e a existência de um conhecimento ecológico local sobre a espécie. Existem igualmente aspetos menos conhecidos tais como
sentimentos de ambivalência, admiração, tolerância e fascínio pelo lobo bem como o reconhecimento do seu direito à existência. Os testemunhos na primeira pessoa das regiões do Barroso, de Moura Barrancos e de alguns autores da literatura, são disso exemplo.
Descrevem-se práticas do passado como técnicas de proteção do gado, batidas organizadas, recompensas e o lobo como um bode expiatório das dificuldades da vida camponesa rural. O desejo humano de controlar o lobo representa a clássica conquista do selvagem.
O lobo é também objeto de outras atribuições simbólicas tais como bruxaria, religião, crenças específicas e folclore e por outro lado associado à liberdade e ao interior sombrio dos humanos.
Uma história original entre um lobo e um cesteiro é aqui apresentada como exemplo das várias facetas da relação humanos/lobos e que podem subsistir no futuro, não necessariamente polarizadas em extremos negativo ou positivo mas que coexistem: o animal nocivo e a nobre fera
Entre os carnívoros selvagens o lobo é a espécie mais frequente na literatura portuguesa. A maioria das referências diz respeito ao conflito e aos prejuízos económicos causados pelos ataques de lobos aos animais domésticos e está relacionada com uma visão necessariamente de domínio e utilitarismo prevalente
nas comunidades rurais. No entanto, diversos exemplos revelam, também, proximidade entre o lobo e os humanos e a existência de um conhecimento ecológico local sobre a espécie. Existem igualmente aspetos menos conhecidos tais como
sentimentos de ambivalência, admiração, tolerância e fascínio pelo lobo bem como o reconhecimento do seu direito à existência. Os testemunhos na primeira pessoa das regiões do Barroso, de Moura Barrancos e de alguns autores da literatura, são disso exemplo.
Descrevem-se práticas do passado como técnicas de proteção do gado, batidas organizadas, recompensas e o lobo como um bode expiatório das dificuldades da vida camponesa rural. O desejo humano de controlar o lobo representa a clássica conquista do selvagem.
O lobo é também objeto de outras atribuições simbólicas tais como bruxaria, religião, crenças específicas e folclore e por outro lado associado à liberdade e ao interior sombrio dos humanos.
Uma história original entre um lobo e um cesteiro é aqui apresentada como exemplo das várias facetas da relação humanos/lobos e que podem subsistir no futuro, não necessariamente polarizadas em extremos negativo ou positivo mas que coexistem: o animal nocivo e a nobre fera
Translated title of the contribution | People and wolves: stories and experiences of Barroso and other places |
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Original language | Portuguese |
Title of host publication | Bichos Vividos |
Editors | Carlota Simões, Ana Guimarães |
Place of Publication | Coimbra |
Publisher | Imprensa da Universidade de Coimbra |
Pages | 161-190 |
Number of pages | 28 |
ISBN (Electronic) | 978-989-26-2281-1 |
ISBN (Print) | 978-989-26-2280-4 |
DOIs | |
Publication status | Published - 2022 |
Keywords
- Conhecimento ecológico
- Pesquisa etnoecológica
- Relação humanos-lobo
- Memória oral
- Literatura portuguesa