Abstract
A metafísica sempre procurou afinar a percepção humana. Também a guerra sempre coincidiu com essa gestão de percepções, quer numa dilatação dos alcances quer no seu controle. Envolvendo tanto a entidade que percepciona – homem ou máquina – como o mundo que a rodeia, a percepção engloba. Não é contemplação mas sim pura actividade. E é-o também na medida em que afecta a forma como cada época toma o real e o modo como o faz vir à frente. Neste sentido revela uma verdade que a filosofia recolhe e envia ao sujeito: mas não será toda a filosofia uma filosofia da percepção? Eis a tese que se retira da leitura dos cadernos do «Curso da Percepção» de Gilbert Simondon. Percepção é a modalidade originária que liga o indivíduo ao mundo porquanto encerra em si uma teoria da relação, o que será essencial para pensar a ligação dos equipamentos ao indivíduo mas também entre equipamentos e natureza; é que os objectos técnicos deverão ser pensados a partir do problema da percepção e não a partir da razão. Perceber, por fim, após milénios de conflitos – e sublinhando a antropologia não antropocêntrica de Friedrich Kittler – que o motor do sogenannte Mensch foi a guerra. Se a história da humanidade é, antes de mais, essa história da mutação dos mecanismos de percepção, tracemos-lhe então uma genealogia
Original language | Portuguese |
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Title of host publication | Tecnologias Culturais e Artes dos Media, Colecção Cultura, Media e Artes |
Editors | Maria Teresa Cruz, Maria Augusta Babo, José Gomes Pinto |
Place of Publication | Lisboa |
Publisher | UnYLeYa |
Pages | 321-332 |
Number of pages | 11 |
ISBN (Electronic) | 9789899850361 |
Publication status | Published - 2016 |