Fixar o (in)visível: papéis e reportórios de luta dos dois primeiros grupos de RAP femininos a gravar em Portugal (1989 – 1998)

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Abstract

Entre os anos de 1989 e 1998 existiram em Portugal dois grupos de RAP compostos por mulheres. A literatura cultural e científica que abrangeu este período evidenciou um legado predominantemente masculino, assente em repertórios temáticos que narravam desigualdades raciais, económicas, étnicas, não inscrevendo o legado feminino deste mesmo período, cujos repertórios temáticos davam nota de sexismo, de violência e de desigualdade baseada no género. Neste artigo procuro demonstrar como a apresentação feminina neste universo cultural foi, por um lado propagada de modo superficial pelos «media», deixando pistas sobre este facto, por outro, destituída dos significados das suas intervenções poéticas e/ou literárias ou silenciada pelos próprios actores que se afirmaram no RAP em Portugal. A trajectória percorrida pelos elementos dos grupos Divine e Djamal numa prática que dava os primeiros passos em território português é aqui relembrada por via de discurso directo, ou seja através de um conjunto de entrevistas realizadas entre os anos de 2015 e 2016 e publicadas recentemente no audiolivro «RAPublicar. A micro-história que fez história numa Lisboa adiada 1986 – 1996 (Simões 2017)». Ao colocar a questão da invisibilidade, este artigo pretendeu mostrar o modo como a diferenciação de género que pauta outros campos da sociedade foi aqui exercida. Procura também perceber em que medida o período histórico e a conjuntura política em questão poderão ter ajudado à consumação desta, e outras, invisibilidades.
Original languagePortuguese
Pages (from-to)97-114
Number of pages18
JournalCadernos de Arte e Antropologia
Issue number17
Publication statusPublished - 2018

Keywords

  • Djamal
  • género
  • RAP
  • cultura de direita
  • sub-representação feminina
  • infrapolítica
  • Divine

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