Abstract
As demarcações de natureza histórica e os contextos sociais, até políticos, em que os rappers emergiram não são dissociáveis. O conteúdo literário, os discursos dos principais actores do RAP nacional durante a década de noventa e acerca desta década deixaram essas demarcações grosso modo explícitas. A partir da área metropolitana de Lisboa os primeiros rappers começaram por providenciar um estilo de escrita de resistência face às condições de exclusão sentidas na sociedade portuguesa das décadas de oitenta e de noventa. Ao mesmo tempo, o meio RAP evidenciou a primazia masculina e a diminuição do papel da mulher rapper bem como uma maior dependência no seu arranque e durante a década de noventa das indústrias musicais no seu modelo tradicional. O aumento de uma população imigrante na cidade, a experiência transatlântica, e as relações de poder e dominação que daí advieram, reflectidas no racismo, na xenofobia, nas assimetrias sob os pontos de vista social e económico, foram alguns dos principais temas de inspiração de jovens rappers/MCs do sexo masculino. Temas também retratados por jovens 3 rappers/MCs do sexo feminino, que neste mesmo período iniciaram, e aos quais juntaram outros como a violência e a desigualdade com base no género. Esta investigação foi desenvolvida em simultâneo com um projecto de natureza artística e cultural que coordenei financiado em 2015 pela Direcção Geral das Artes, projecto esse subjugado ao tema História do RAP em Portugal.
Original language | Portuguese |
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Place of Publication | Lisboa |
Publisher | Caleidoscópio |
Number of pages | 120 |
ISBN (Print) | 978-989-658-598-3 |
Publication status | Published - 2019 |