Abstract
O presente ensaio procura fazer uma leitura do poema “Estes poemas que chegam” da obra póstuma de Herberto Helder Poemas canhotos (2015), na relação com o fado “Poemas canhotos” cantado por Carlos do Carmo, no seu álbum póstumo E ainda… (2021), que resgata o mesmo poema. Para tanto, são abordados os tópicos da morte e da autoria, reflectindo acerca da matéria da voz poética daquele que escreve e daquele que canta. Partindo da suspeita do que há de fado na obra de Helder, o ensaio observa ainda como a relação entre poesia e música, neste caso, circunscrita ao fado, pode abrir o sentido do poema e engendrar mais leitores-ouvintes. O estudo conclui que o poema em questão vertido em fado evoca uma sabedoria de iniciação à consciência da morte, cujo potencial criador gera a vida e a própria escrita do poema. O poema e o fado nascem da morte e devolvem a vida, não meramente física, aos seus autores.
Original language | Portuguese |
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Pages (from-to) | 16-27 |
Number of pages | 12 |
Journal | Revista Entrelaces |
Volume | 12 |
Issue number | 2 |
Publication status | Published - 2022 |
Keywords
- Fado
- Carlos do Carmo
- Herber Helder