Ex machina colores: for symphony orchestra

Ex machina colores é uma peça de cariz predominantemente harmónico. A maior parte da harmonia foi gerada de forma computacional, colocando a obra em ressonância com o debate contemporâneo acerca do papel dos processos algorítmicos na vida humana. Embora a inteligência artifical (AI em inglês; expressão de que não gosto pois falta definir cabal e completamente de que estamos a falar quando falamos de inteligência) esteja no horizonte, é porventura mais importante reflectir sobre a relação actual do homem com as máquinas. Neste sentido, a expressão inteligência aumentada (IA, ou intelligence augmentation) é muito mais adequada e bem‑vinda pois valoriza os vários aspectos da cognição e do comportamento humano que ainda estão por desvendar ou compreender. Foi num contexto de IA que trabalhei, utilizando o computador enquanto ferramenta de descoberta de um mundo de sonoridades. O uso do latim para o título da obra prende‑se com o facto de se tratar de uma língua antiga e fora de uso, mas que foi outrora universal na transmissão do saber, entrando em aparente fricção com a temática eminentemente tecnológica.
A peça é dedicada ao compositor Luís Tinoco.