Activities per year
Abstract
Nas décadas de 1910 e 1920, Lisboa testemunhou um florescimento sem precedentes do interesse pelos concertos sinfónicos. No final de 1911, no então Teatro da República, foi estabelecida uma série de concertos por uma orquestra regida pelo maestro espanhol Pedro Blanch, a qual manteria a sua actividade em séries anuais sucessivas até à sua dissolução em 1928. Entre algumas outras tentativas efémeras, destacou-se igualmente a série anual que se desenrolou a partir de 1913 no Teatro Politeama, dirigida inicialmente por David de Sousa, e após a morte deste por Viana da Mota (1918-1920) e Joaquim Fernandes Fão (1920-1930), para além dos Novos Concertos Sinfónicos de Lisboa dirigidos por Pedro de Freitas Branco no Teatro Tivoli entre 1928 e 1932.
Estas séries de concertos parecem ter desempenhado um papel importante na ampliação do repertório sinfónico conhecido em Portugal, num período em que estava em curso um processo de mudança na vida musical lisboeta, com raízes no século XIX, no qual se assistia a uma afirmação gradual da música sinfónica. O presente artigo considera o discurso que nesse quadro floresceu referente à ratificação da autoridade de intérpretes, focando especificamente o caso dos directores de orquestra. Pretende-se, por um lado, identificar as práticas e modelos promovidos pelos próprios regentes — sem esquecer a sua articulação com a actuação da crítica —, tendentes a uma ritualização e sacralização da interpretação e do evento concertístico. Por outro lado, pretende-se igualmente explorar os mecanismos discursivos envolvidos neste processo, para, finalmente, avaliar as implicações de tudo isto na construção de uma determinada visão sobre a música sinfónica.
Estas séries de concertos parecem ter desempenhado um papel importante na ampliação do repertório sinfónico conhecido em Portugal, num período em que estava em curso um processo de mudança na vida musical lisboeta, com raízes no século XIX, no qual se assistia a uma afirmação gradual da música sinfónica. O presente artigo considera o discurso que nesse quadro floresceu referente à ratificação da autoridade de intérpretes, focando especificamente o caso dos directores de orquestra. Pretende-se, por um lado, identificar as práticas e modelos promovidos pelos próprios regentes — sem esquecer a sua articulação com a actuação da crítica —, tendentes a uma ritualização e sacralização da interpretação e do evento concertístico. Por outro lado, pretende-se igualmente explorar os mecanismos discursivos envolvidos neste processo, para, finalmente, avaliar as implicações de tudo isto na construção de uma determinada visão sobre a música sinfónica.
Original language | Portuguese |
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Title of host publication | A imprensa como fonte para a história da interpretação musical |
Editors | Cristina Fernandes, Miguel Ángel Aguilar Rancel |
Publisher | Biblioteca Nacional de Portugal / INET-md |
Pages | 33-42 |
Number of pages | 10 |
ISBN (Electronic) | 978-972-565-679-2 |
ISBN (Print) | 978-972-565-678-5 |
Publication status | Published - Jun 2021 |
Keywords
- Discurso
- Recepção
- Crítica musical
- Música sinfónica
- Direcção de orquestra
- História da música em Portugal
- Século XX
Activities
- 1 Oral presentation
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“Essas mãos são, elas próprias, um poema sinfónico”: o discurso sobre a direcção de orquestra em Lisboa nas décadas de 1910 e 1920
Luís Miguel Lopes dos Santos (Speaker)
18 May 2017 → 20 May 2017Activity: Talk or presentation › Oral presentation