Abstract
Nas áreas rurais do interior de Portugal continental, um número considerável de lugares têm vindo a registar sucessivos decréscimos da sua população residente. O fenómeno não é novo e as suas causas são conhecidas. Ao longo do século XX, os diferentes ritmos de emigração, tanto para as Américas, primeiro, como para a Europa (pós-guerra) e para África (sobretudo nos anos 60) deixaram marcas profundas na sociedade portuguesa. Inúmeros foram os lugares que assistiram à partida de homens e mulheres em idade activa, fugindo da fome, da miséria, da guerra, ou simplesmente buscando o emprego e o sustento que lhes faltava. E o sonho de uma vida melhor para si e para os filhos… Os que não puderam ou não quiseram paragens mais longínquas migraram em direcção aos grandes centros urbanos ou mesmo às sedes de concelho, onde se concentram as actividades económicas (emprego) e os serviços públicos, nomeadamente os de Cuidados Primários de Saúde e de ensino (Martins, 2011). Esta saída de gente associada a taxas de natalidade cada vez menores e ao progressivo envelhecimento da população, tem sido responsável por decréscimos significativos no número relativo de habitantes na maioria dos lugares, principalmente nos de menor dimensão. Há inclusive lugares que se extinguiram, por terem perdido todos os seus residentes, e muitos outros continuem a definhar. Apesar do fenómeno ter sido já amplamente estudado, conhecerem-se relativamente bem as suas causas e, inclusive, já se terem implementado estratégias para minorar a falta de gente, o problema persiste como nos revelam os dados dos últimos recenseamentos decenais da população (INE). Tendo por base os dados estatísticos deste organismo, analisámos o comportamento da população residente durante um século (1911-2011), lugar a lugar, para tentar aferir qual o seu tempo de vida espectável. Ou, se preferirmos, a sua “esperança de vida”, conceito usualmente aplicado para “determinar o número aproximado de anos que um determinado grupo de indivíduos nascidos num mesmo ano irá viver, se mantidas as mesmas condições desde o seu nascimento” (INE). Esta transposição do conceito levanta outro tipo de questões: a) Qual será qual o número aproximado de anos que um lugar terá se se mantiverem as condições demográficas? b) E poderemos estimar o número de gerações em cada lugar até deixar de ter residentes? c) E qual o melhor método para fazer essa estimativa? A resposta a estas e outras questões dependerá naturalmente das variáveis e dos pressupostos considerados no modelo escolhido. Considerando sempre que as condições de atractividade e as tendências demográficas da(s) última(s) década(s) se manterão as mesmas. O que aqui apresentamos, enquanto exercício académico experimental, são representações gráficas da “esperança de vida” do conjunto de lugares de um município do interior (Mação), medida em número de gerações, a partir do comportamento retrospectivo da variação da população residente.
Original language | Portuguese |
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Title of host publication | Proceedings of the 25th APDR Congress |
Place of Publication | Lisboa |
Publisher | APDR - Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Regional |
Pages | 367-371 |
Number of pages | 4 |
ISBN (Print) | 978-989-8780-06-5 |
Publication status | Published - 2018 |
Event | 25th APDR Congress: Circular Economy. Urban Metabolism and Regional Development Challenges for a Sustainable Future - Lisboa, Portugal Duration: 5 Jul 2018 → 6 Jul 2018 |
Conference
Conference | 25th APDR Congress: Circular Economy. Urban Metabolism and Regional Development Challenges for a Sustainable Future |
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Country/Territory | Portugal |
City | Lisboa |
Period | 5/07/18 → 6/07/18 |
Keywords
- Despovoamento
- Interior
- População