TY - JOUR
T1 - Enquanto a bola não começa
T2 - Clubes desportivos como espaços de contracultura, o caso do Estrela da Amadora (1951-1974)
AU - Gonçalves, Gil
AU - Louro, Andreia Fontenete
AU - Santos, Daniel dos
N1 - info:eu-repo/grantAgreement/FCT/6817 - DCRRNI ID/UIDB%2F04209%2F2020/PT#
info:eu-repo/grantAgreement/FCT/6817 - DCRRNI ID/UIDP%2F04209%2F2020/PT#
UIDB/04209/2020
UIDP/04209/2020
PY - 2023
Y1 - 2023
N2 - Este artigo pretende destacar o papel dos clubes e associações desportivas como espaços de resistência em contextos autoritários, partindo do caso paradigmático de um modesto clube de futebol dos arredores de Lisboa – o Estrela da Amadora. Os vínculos entre desporto e política estão bem documentados. Contudo, essas ligações são usualmente sublinhadas recorrendo a momentos e gestos de grande intensidade dramática, nos quais a insubordinação e o inconformismo são expostos de forma pública e arrojada. Alternativamente, deslocando a nossa atenção para as actividades desenvolvidas por este clube ao longo de uma década, conseguimos apurar as estratégias quotidianas de resistência que este fomentava. A sede social do Estrela, um dos mais relevantes espaços de sociabilidade da cidade da Amadora, albergava uma biblioteca com livros proibidos, sessões de jogo ilegal e manifestações culturais assinadas por alguns dos mais notáveis “subversivos” da época. O próprio boletim do clube era usado para promover debates à margem das suas actividades desportivas, assumindo por vezes tons claramente programáticos. Nada disto era produto do acaso. A partir da década de 1950, a direcção do clube foi assumida por oposicionistas que o usaram como plataforma para “fintar” os constrangimentos impostos pela ditadura à liberdade de expressão e associação. Marcados pelo acossamento assíduo da polícia política e por conflitos com a Igreja, estes anos retratam as possibilidades que a popularização do desporto abria à associação política, especialmente em tempos de repressão. Apesar de ser, nalguns domínios, um caso excepcional, esperamos atestar que o estudo de clubes e associações locais pode revelar uma cultura de resistência que não se encontrava confinada a partidos ou associações políticas tradicionais. Trata-se de explorar um objecto de estudo historiograficamente menorizado, analisando fontes impressas, materiais e orais “esquecidas” no momento de fazer a história da oposição e resistência ao Estado Novo.
AB - Este artigo pretende destacar o papel dos clubes e associações desportivas como espaços de resistência em contextos autoritários, partindo do caso paradigmático de um modesto clube de futebol dos arredores de Lisboa – o Estrela da Amadora. Os vínculos entre desporto e política estão bem documentados. Contudo, essas ligações são usualmente sublinhadas recorrendo a momentos e gestos de grande intensidade dramática, nos quais a insubordinação e o inconformismo são expostos de forma pública e arrojada. Alternativamente, deslocando a nossa atenção para as actividades desenvolvidas por este clube ao longo de uma década, conseguimos apurar as estratégias quotidianas de resistência que este fomentava. A sede social do Estrela, um dos mais relevantes espaços de sociabilidade da cidade da Amadora, albergava uma biblioteca com livros proibidos, sessões de jogo ilegal e manifestações culturais assinadas por alguns dos mais notáveis “subversivos” da época. O próprio boletim do clube era usado para promover debates à margem das suas actividades desportivas, assumindo por vezes tons claramente programáticos. Nada disto era produto do acaso. A partir da década de 1950, a direcção do clube foi assumida por oposicionistas que o usaram como plataforma para “fintar” os constrangimentos impostos pela ditadura à liberdade de expressão e associação. Marcados pelo acossamento assíduo da polícia política e por conflitos com a Igreja, estes anos retratam as possibilidades que a popularização do desporto abria à associação política, especialmente em tempos de repressão. Apesar de ser, nalguns domínios, um caso excepcional, esperamos atestar que o estudo de clubes e associações locais pode revelar uma cultura de resistência que não se encontrava confinada a partidos ou associações políticas tradicionais. Trata-se de explorar um objecto de estudo historiograficamente menorizado, analisando fontes impressas, materiais e orais “esquecidas” no momento de fazer a história da oposição e resistência ao Estado Novo.
KW - Estrela da Amadora
KW - Estado Novo
KW - Contracultura
KW - Associativismo desportivo
KW - Resistência quotidiana.
U2 - https://doi.org/10.20868/mhd.2023.24.4777
DO - https://doi.org/10.20868/mhd.2023.24.4777
M3 - Article
SN - 2430-7166
VL - 24
SP - 118
EP - 131
JO - Materiales para la Historia del Deporte
JF - Materiales para la Historia del Deporte
ER -