Abstract
Saltando as barreiras entre as espécies, o SARS-CoV-2 rapidamente propagou a sua atividade desde o nível mais microscópico das estruturas da quase-vida até ao nível mais macroscópico da biosfera, ajudando a evidenciar os efeitos da ação humana sobre o clima, por exemplo. A proliferação feroz do SARS-CoV-2 provocou e continua a provocar alterações na arquitetura e nos efeitos do Antropoceno.
No entrelaçamento do vírus com o humano são implicadas instituições, hábitos e modos e estilos de vida em geral. A cabeça com muitas cabeças do Leviathan foi convocada a agir. A sociedade civil foi instada a participar no que poderemos chamar uma ampla política do envolvimento, pautada pela tensão entre o direito à vida e a liberdade individual, cujo corolário é a chamada de todos os stakeholders para se envolverem na luta contra a COVID-19, recentemente lançada por um conjunto de atores, incluindo a Organização Mundial de Saúde. Teses que defendem que os valores individualistas impedem o combate aos surtos epidémicos ganharam impulso. Países espalhados por todo o mundo declararam o estado de emergência, provocando a assunção de um paradoxo particularmente sintomático: por um lado, a emergência de um mundo nunca antes visto, por outro, a replicação de práticas e representações que tornam as culturas e as sociedades em produtos da multiplicação de um déjà vu com origem no nosso futuro. Em Portugal, a fase mais autoritária da política do envolvimento teve início no dia 19 de março de 2020. A medida com maior e mais imediato impacto nos hábitos e modos humanos de vida foi o “confinamento compulsivo no domicílio”, associado à “interdição das deslocações e da permanência na via pública que não sejam justificadas”.
Neste post são apresentados dizeres, diálogos e desabafos emitidos durante o período de confinamento e recolhidos através de uma twitenografia sobre como as pessoas enfrentam o COVID (ou a COVID-19), cujos registos começaram no início da segunda semana de março e prolongaram-se até final de abril deste ano.
No entrelaçamento do vírus com o humano são implicadas instituições, hábitos e modos e estilos de vida em geral. A cabeça com muitas cabeças do Leviathan foi convocada a agir. A sociedade civil foi instada a participar no que poderemos chamar uma ampla política do envolvimento, pautada pela tensão entre o direito à vida e a liberdade individual, cujo corolário é a chamada de todos os stakeholders para se envolverem na luta contra a COVID-19, recentemente lançada por um conjunto de atores, incluindo a Organização Mundial de Saúde. Teses que defendem que os valores individualistas impedem o combate aos surtos epidémicos ganharam impulso. Países espalhados por todo o mundo declararam o estado de emergência, provocando a assunção de um paradoxo particularmente sintomático: por um lado, a emergência de um mundo nunca antes visto, por outro, a replicação de práticas e representações que tornam as culturas e as sociedades em produtos da multiplicação de um déjà vu com origem no nosso futuro. Em Portugal, a fase mais autoritária da política do envolvimento teve início no dia 19 de março de 2020. A medida com maior e mais imediato impacto nos hábitos e modos humanos de vida foi o “confinamento compulsivo no domicílio”, associado à “interdição das deslocações e da permanência na via pública que não sejam justificadas”.
Neste post são apresentados dizeres, diálogos e desabafos emitidos durante o período de confinamento e recolhidos através de uma twitenografia sobre como as pessoas enfrentam o COVID (ou a COVID-19), cujos registos começaram no início da segunda semana de março e prolongaram-se até final de abril deste ano.
Original language | Portuguese |
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Type | Um blogue colectivo sobre os tempos vividos em contexto de pandemia |
Media of output | CONFINARIA – Etnografias em Tempos de Pandemia |
Publisher | Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA) |
Publication status | Published - 15 May 2020 |
Keywords
- COVID-19
- Confinement
- Digital Ethnography