Em torno do Sindicato Nacional da Crítica: algumas notas sobre a crítica musical nos primeiros anos do Estado Novo

Fundada em 1931 como Associação da Crítica Dramática e Musical, e convertida em Sindicato Nacional da Crítica em 1933, esta organização assumiu desde início a função de reguladora da prática da crítica de teatro e de música em Portugal (alargando posteriormente a sua acção para a crítica literária, crítica de artes plásticas e crítica de cinema). Apoiava a actividade dos seus associados, concedendo-lhes regalias como entradas livres em teatros e salas de espectáculo, promovia confraternizações e agia como medeador em conflitos que pudessem surgir. Numa segunda fase, a partir de 1939, procurou ter uma maior presença na sociedade e em dar maior visibilidade à crítica. Para tal, patrocinou o lançamento do Boletim do Sindicato Nacional da Crítica e a realização de concertos e conferências. Inserida num período histórico do país muito específico, em que a partir da chamada «política do espírito» e do Secretariado de Propaganda Nacional o regime procurava regular a produção cultural e a imagem nacional, a existência de um sindicato para a crítica parece-me particularmente significativo. Levanta questões relacionadas não só com os efeitos que poderá ter tido sobre a crítica musical (aquela que me interessa analisar), mas também que discurso sobre a crítica, nomeadamente sobre o seu papel pedagógico, era veiculada nas conferências e nos conteúdos do boletim. Proponho, assim, para esta comunicação apresentar o Sindicato Nacional da Crítica, incidindo em particular na sua segunda fase e na visão que era difundida sobre o que era a crítica musical.