TY - JOUR
T1 - Eduardo Lourenço perante o Livro do Desassossego
AU - Penteado , Flávio Rodrigo
N1 - info:eu-repo/grantAgreement/FCT/6817 - DCRRNI ID/UIDB%2F00657%2F2020/PT#
info:eu-repo/grantAgreement/FCT/6817 - DCRRNI ID/UIDP%2F00657%2F2020/PT#
UIDB/00657/2020
UIDP/00657/2020
PY - 2024
Y1 - 2024
N2 - Em 1982, a primeira edição exaustiva de textos atribuíveis ao Livro do desassossego impactou, de forma decisiva, os estudos sobre a obra de Fernando Pessoa. Isso porque aqueles textos não apenas ofereciam novos vieses para a compreensão da heteronímia, mas também colocavam em causa o seu mito genesíaco, segundo o qual o surgimento de Caeiro, Reis e Campos em 1914 teria correspondido a um instante de ruptura no processo criativo pessoano. Eduardo Lourenço foi especialmente sensível a tais mudanças de paradigma, conforme testemunham ensaios compilados por ele em Fernando, rei da nossa Baviera (1986), a maioria dos quais escritos após a publicação daquela “espécie de não-livro ou livro impossível”. Em um deles, insuflado pela obra recentemente dada à luz, o ensaísta concebe a “heteronímia clássica” como camuflagem do “heteronimismo original” que desde cedo terá presidido a criação pessoana. Propondo-se a refletir sobre a presumível mudança de perspectiva operada pelo Livro na forma como Lourenço pensa Pessoa e a tradição crítica do autor, este artigo sugere que hipóteses aventadas pelo ensaísta a partir de então estavam latentes em textos mais antigos, inclusive Pessoa revistado (1973). Desse modo, convocam-se também outros ensaios reunidos nos dois volumes de estudos pessoanos nas Obras completas de Eduardo Lourenço, chanceladas pela Fundação Calouste Gulbenkian, os quais propiciam a apreensão das linhas de força do conjunto ensaístico que ele consagrou a Fernando Pessoa.
AB - Em 1982, a primeira edição exaustiva de textos atribuíveis ao Livro do desassossego impactou, de forma decisiva, os estudos sobre a obra de Fernando Pessoa. Isso porque aqueles textos não apenas ofereciam novos vieses para a compreensão da heteronímia, mas também colocavam em causa o seu mito genesíaco, segundo o qual o surgimento de Caeiro, Reis e Campos em 1914 teria correspondido a um instante de ruptura no processo criativo pessoano. Eduardo Lourenço foi especialmente sensível a tais mudanças de paradigma, conforme testemunham ensaios compilados por ele em Fernando, rei da nossa Baviera (1986), a maioria dos quais escritos após a publicação daquela “espécie de não-livro ou livro impossível”. Em um deles, insuflado pela obra recentemente dada à luz, o ensaísta concebe a “heteronímia clássica” como camuflagem do “heteronimismo original” que desde cedo terá presidido a criação pessoana. Propondo-se a refletir sobre a presumível mudança de perspectiva operada pelo Livro na forma como Lourenço pensa Pessoa e a tradição crítica do autor, este artigo sugere que hipóteses aventadas pelo ensaísta a partir de então estavam latentes em textos mais antigos, inclusive Pessoa revistado (1973). Desse modo, convocam-se também outros ensaios reunidos nos dois volumes de estudos pessoanos nas Obras completas de Eduardo Lourenço, chanceladas pela Fundação Calouste Gulbenkian, os quais propiciam a apreensão das linhas de força do conjunto ensaístico que ele consagrou a Fernando Pessoa.
KW - Fernando Pessoa
KW - Eduardo Lourenço
KW - Livro do desassossego
KW - Ensaio literário
U2 - https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v16i31p34-53
DO - https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v16i31p34-53
M3 - Article
SN - 2175-3180
VL - 16
SP - 34
EP - 53
JO - Desassossego
JF - Desassossego
IS - 31
ER -