Dois lados da mesma moeda: a missão jesuíta no Japão e no Brasil (1549-1597)

O período no qual o território submetido ao Padroado Português alcançou a sua maior amplitude foi em meados do século XVI, tendo como limite dois extremos de atuação, o Brasil e o Japão. A Companhia de Jesus, fundada no ano de 1540, prontamente foi absorvida pelo projeto expansionista português e, consequentemente, pelo Padroado. A partir desse recorte, a tese se centrou entre os anos de 1549, data da fundação de uma missão jesuíta no Brasil e no Japão, até 1597, ano de morte de duas das suas figuras mais icônicas, José de Anchieta e Luis Fróis. Somados a eles, Manuel da Nóbrega e Alessandro Valignano foram os missionários eleitos para a investigação. Com isso, pretendeu-se trabalhar sobre a hipótese de que, para o século XVI, o desenvolvimento da missionação levada a cabo pelos jesuítas, e o consequente direcionamento que ela acabou por assumir, dependeu muito mais da iniciativa individual dos padres do que de uma diretiva por parte da Companhia, da Igreja Católica ou da Coroa Portuguesa. Assim, em ambos os casos podemos encontrar entre os jesuítas indivíduos mais conversadores e resistentes às novas propostas de evangelização, bem como outros que se mostraram mais abertos e inovadores. Os quatro missionários aqui selecionados foram de alguma maneiras favoráveis à adaptação ao mundo nativo, vindo a enfrentar aqueles que tentavam barrar o seu trabalho. A circulação de pessoas, de pensamentos e das novas experiências, acabou por ter impacto inclusive na Europa, o que inevitavelmente fez com que a Companhia e a Igreja viessem a reavaliar e ajustar algumas das suas orientações à nova dimensão alcançada. Com a análise desses dois casos, os extremos de atividade da campanha jesuítica sob a autoridade do Padroado Português, podemos perceber como esse era um projeto global que ainda se pretendia harmônico e uniforme, mas que, no entanto, exigiu respostas e investimentos distintos, cunhando formas particulares de missionação e de uma cristandade.

The period in which the territory under the Portuguese Patronage authority reached its largest amplitude was the middle of the sixteenth century, having as geographical limits Brazil and Japan. Founded in 1540, the Society of Jesus was
promptly integrated into the Portuguese expansionist enterprise. Considering this scenario, the research focused on the period from 1549, year of the foundation of a Jesuit mission in Brazil and in Japan, until 1597, year of death of
two of its most iconic figures, José de Anchieta in the Brazilian territory and Luis Fróis among the Japanese. Besides them, Manuel da Nóbrega and Alessandro Valignano were the missionaries analysed. The thesis intended to work on the hypothesis that the development of the Jesuit activity during the sixteenth century depended on individual initiatives more than on a normative defined by the Order, the Church, or the Crown. In both cases, we can identify that among the Jesuits there were those who were more conservative and resistant to new strategies of evangelization as those who were more open and innovative. All the four missionaries carried some adaptation to the native world, confronting those
who manifested objections to this approach. The circulation of information from these lands eventually reached Europe, which inevitably made the Society of Jesus and the own Catholic Church reevaluate and adjust some of their guidelines to the new dimension the evangelizing campaign was facing. With the analysis of these two cases, we can reflect on how the mission was part of a global project that intended to be harmonious and uniform, but demanded ifferent responses and investments, generating differentiated
forms of the missionary work and of a Christendom.